Blog Lucia Hippolito
A nota da Força Sindical divulgada ontem é deliberadamente confusa, misturando alhos com bugalhos.
Primeiro, alega que o deputado Paulo Pereira da Silva é vítima de “implacável perseguição política”, ao ser envolvido nessas falcatruas que estão sendo descobertas no BNDES.
Por quê? O que teria feito o deputado para ser vítima de perseguição política? A central sindical alega que é por causa do estrondoso sucesso do deputado no Congresso onde, ainda segundo a nota, ele seria um dos parlamentares mais influentes.
Lamento, mas isto não corresponde à realidade.
Paulo Pereira da Silva é até um deputado bem apagado. Só não é do baixo clero porque preside a Força Sindical. Ele é muito mais um sindicalista na Câmara do que um deputado de origem sindical.
Como é o deputado Vicentinho, por exemplo. Ex-presidente da CUT, Vicentinho ao ser eleito deputado integrou-se muito bem na Câmara, comportando-se como parlamentar e não como sindicalista.
Segundo, a nota afirma que a Força Sindical vai promover manifestações e paralisações em todo o país com o objetivo de reduzir a jornada de trabalho.
Se isto não for uma ameaça à ordem pública, qual é o problema? O papel de uma central sindical tem sido, no Brasil, o de aumentar os benefícios e privilégios de seus associados.
Não se vê, partindo das centrais, nenhuma atitude ou ação visando contribuir para o aumento dos postos de trabalho, para a flexibilização das regras que cercam uma contratação, para a desoneração do emprego (custa caríssimo dar emprego no Brasil).
Egoisticamente, as centrais querem é aumentar benefícios para seus associados. Portanto, está dentro de seu papel fazer manifestações pela redução da jornada de trabalho.
Agora, o que é que isto tem a ver com o possível envolvimento do deputado Paulo Pereira da Silva na roubalheira no BNDES?
Terceiro, a nota afirma que “estamos (quem?) enfrentando a oposição acirrada de autoritários conservadores”.
Quem seriam esses autoritários conservadores? Quem propôs a derrubada do imposto sindical obrigatório foi, inicialmente, o PPS, partido de esquerda herdeiro do antigo Partido Comunista.
Quem propôs o restabelecimento da cobrança obrigatória do imposto sindical foi, no Senado, o senador Francisco Dornelles, do PP, partido de centro-direita. Partido de Paulo Maluf, que compõe a base aliada do governo Lula.
Ao que consta, quem está levantando o possível envolvimento de Paulo Pereira da Silva na roubalheira no BNDES é o Ministério Público, é a Polícia Federal.
Em suma, a nota não responde a nenhuma das acusações a Paulo Pereira da Silva feitas pela polícia e pelos procuradores do Ministério Público.
Com manifestação ou não, com paralisação ou não, o Ministério Público encaminhou o inquérito envolvendo Paulo Pereira da Silva ao Supremo Tribunal Federal porque, como deputado, ele tem direito a foro privilegiado.
Se o Supremo decidir aceitar o inquérito, não há Força que impeça o deputado Paulo Pereira da Silva de ser processado.
Com nota oficial ou não.
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