Lucia Hipolito
A etiqueta coronelista
Por proposta do senador Aloísio Mercadante, a bancada do PT no Senado está sugerindo que todos os processos contra o senador Renan Calheiros sejam reunidos num só, com diferentes relatores para avaliar as diferentes denúncias.
Vamos recordar aqui o que ainda pesa contra o senador Renan Calheiros.Pelo menos até aparecer a próxima denúncia, o presidente do Senado Federal – e do Congresso Nacional – tem que responder às seguintes acusações:
1. favorecimento à cervejaria Schincariol, atuando como lobista da empresa junto a órgãos arrecadadores de impostos federais;
2. compra de emissoras de rádio em sociedade com o usineiro João Lira. As tais emissoras teriam sido compradas em nome de laranjas, segundo depoimento do próprio ex-sócio de Renan;
3. participação em esquema de desvio de dinheiro público e recebimento de propinas em ministérios administrados pelo PMDB envolvendo aí também o senador Romero Jucá, ministro da Previdência à época em que as ilicitudes teriam sido cometidas.
Segundo os senadores petistas, o objetivo de juntar todas as denúncias num só processo visa agilizar a tramitação, uma vez que o réu é um só.
Mas aliados e opositores de Renan estão divididos quanto à proposta do PT.
Tem gente que acha que faz sentido abreviar a desmoralização do Senado, votando logo tudo de uma vez.Tem gente que acha é uma manobra do PT para tirar das costas do partido a responsabilidade por ter absolvido Renan Calheiros.
Tem gente que acha que é uma forma de o senador Mercadante limpar a própria barra, justificando sua abstenção no dia da votação.
Tem gente que acha que é importante votar denúncia por denúncia, para manter o senador Renan Calheiros nas cordas o maior tempo possível.
A mais curiosa é a reação de aliados do senador Renan Calheiros.
Querem também que seja julgada denúncia por denúncia, para que Renan possa destruir cada uma delas e construir uma vitória incontestável.
Isto combina bem com a atitude do senador Renan Calheiros depois que foi absolvido.
O presidente do Senado tem feito questão de não esconder que está por cima da carne seca.
O dr. Tancredo Neves ensinava que o bom político deve ser magnânimo na vitória. Não tripudiar nem pisar no pescoço do adversário vencido.
Mas isso era no tempo em que a política brasileira ainda mantinha alguma elegância e algumas regras de bom convívio.
Nada a ver com a truculência arrogante de coronel alagoano.
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