"Deus me respeita quando eu trabalho. Mas me ama quando eu canto."
domingo, setembro 09, 2007
A Nós
"A todas as vozes que desaprenderam preces,
ou mesmo que jamais aprenderam.
A todas as solidões individuais ou partilhadas, gritadas, colhidas ou caladas,
nos corações e nas almas.
A todas as buscas que levaram
a encontros, perdas ou abandonos.
A todos os silêncios de gestos e palavras
que encobriram impossibilidades, refúgios,
medos ou ausências... E, principalmente,
aqueles que disseram mais do que palavras.
A todos os braços e abraços
que acolheram, aqueceram e ampararam,
nos momentos em que a perda já parecia certa
e o abandono das forças de luta
era aparentemente
a única possibilidade de resposta...
Aos sorrisos esboçados
ou assumidos que coloriram os rostos
e enfeitaram o mundo.
A todas as crianças crescidas e pequenas
que viveram momentos de descoberta
e não morreram para o aprender.
A todo o Amor que nasceu e morreu,
mas que teve seu espaço de cor,
força e brilho nas faces, corações e corpos.
A todas as músicas e versos que os artistas,
ou não, exprimiram com suas emoções
e nos ajudaram a compreender
e comunicar melhor as nossas...
A toda voz ou carícia que não se negou,
que ouviu o apelo e respondeu
com sua existência,
sua expressão sua proximidade.
A todas as orações desesperadas,
suplicantes ou agradecidas.
A todos os "becos sem saídas"
que deram em novos caminhos
e em outras possibilidades.
A todos os desesperos
que tiveram a grandeza de pedir ajuda
e dar a enorme descoberta
de serem conhecidos na partilha
e no calor de um olhar, talvez perplexo,
mas acolhedor.
A toda a vida que se omitiu ou ousou,
que se transformou
ou paralizou no tempo do medo.
A todo o medo que a coragem permitiu viver,
e que a força não deixou
que imobilizasse o gesto,
e levou aos passos mais adiante
e aos caminhos mais além de antes do ontem.
A todos aqueles que, disponíveis
para o novo, o invasivo, o ensaio,
percorreram com seus olhos linhas como estas, somando as nossas as suas vivências,
indagações e descobertas
e fazendo com isto que amontoados de palavras se vestissem de significados,
dedico esta mensagem
como uma liberdade de aproximação
e um enorme desejo de que a busca
de cada um não cesse nunca,
seja ela qual for,
por mais que mudem as respostas
ou que por vezes,
nos desanime a ausência delas...
Um brinde aos encontros,
que neste espaço de vida,
puderem acontecer..."
Autoria: Lucilia Cerr
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