Seu pai José Pedro Bulcão, um viúvo e deputado estadual cearense, criara- lhe com conforto. Sua mãe, uma moça de sangue índio, Maria Hosana teve três filhos: Alina, José Maria e Florinda, a mais nova. Ainda pequena seu pai viria a falecer. Ele era um homem forte, culto e inteligente que nortearia a sua vida. Quando tinha 14 anos, muda-se com a família para o Rio de Janeiro, onde Florinda começou a trabalhar como secretária. Jamais abandonou os estudos e aos 18 anos obteve o diploma em línguas; inglês e francês, que falava tão bem tanto quanto o português. Depois de vários tipos de trabalho conquistou uma boa posição como "Executive Hostess" pela Varig Airlines.
Nessa ocasião ficou noiva de um ilustre senhor. Polacco, porém, o casamento não fazia parte dos seus sonhos, queria algo diferente, aventura. Florinda tinha crescido com um senso de liberdade inato, e uma grande curiosidade e desejo de conhecer o mundo. Em 1963, partiu para visitar Londres e Paris na companhia de amigos, seu coração já estava na Europa, quando de uma viagem anterior aqueles países. Era uma meta particular, onde de fato ficou morando por dois anos. Em diversas ocasiões recebeu propostas para trabalhar como modelo mas, devido ao seu caráter , tímido introvertido, não se achava apta para este trabalho. Ainda em Paris, freqüentou um curso de Francês na "Sorbone" e um de História da Arte no "Museu do Louvre". Por não encontrar uma forma estável, decidiu voltar ao Brasil.
No ano de 1967 ela conheceu o famoso diretor italiano Luchino Visconti que a convenceu a vencer sua timidez e tornar-se atriz. Visconti conseguiu persuadi-la a realizar um belíssimo teste de fotogenia que durou três dias, e a partir daí conseguiu, de imediato, uma participação no seu primeiro filme. Logo seria escolhida para participar em um filme com Jean-Louis Trintignant e Robert Hossein em Paris, "Voleur de crimes". Logo foi oferecido um papel no filme "Candy in Rome" ao lado de Richard Burton e Marlon Brando, seguido ainda de um outro de Visconti "La caduta degli Dei", com Helmut Berger, Ingrid Thulin e Dirk Bogarde. Nos meses seguintes Florinda Bolkan trabalhou em diversos filmes que lhe renderiam fama ao ponto de tornar-se o mais extraordinário talento na Europa.
Em 1968 - "Metti una sera a cena", com Jean Louis Trintignant, Annie Girardot e Tony Musante, obtém o seu primeiro prêmio "Donatello" , O Oscar italiano, assim conseguindo o status de uma estrela. Em 1969 - "Indagine su un cittadino al di sopra di ogni sospetto" conquista um prêmio no Festival de Cannes. No ano de 1970, "Anonimo Veneziano" foi o filme mais visto daquele ano, o que fez aumentar sua fama, o sucesso. No ano seguinte conquista o segundo prêmio "Donatello" e todos os outros prêmios ofertados pelos críticos italianos. Tudo a tornaria a nº 1 na Itália, como atriz de papéis dramáticos e românticos.
Entre os anos de 1970 e 1975 Florinda Bolkan atuou em mais de 20 filmes, com alguns dos mais importantes diretores e atores do mundo por exemplo: Nos Estados Unidos "The last valley" de James Clavell, com Michael Caine e Omar Shariff. Na França: "Le mouton enragè" de Michel Deville, com Jean Louis Trintignant, Rommy Schneider e Jane Birkin. Inglaterra: "Royal Flash" de Richard Lester com Malcolm Mc Dowell, Alan Bates, Oliver Reed. Na Etiópia: "Assassinato em Sarayevo" de Velko Bulajich com Christopher Plummer. Na Itália: "Um uomo da rispettare" [de Michele Lupo] com Kirk Douglas e Giuliano Gemma. "Flavia" de Gianfranco Mingozzi, com Maria Casares. "Cari genitori" de Enrico Maria Salerno com Maria Schneider e Catherine Spaak. Conquista nos Estados Unidos o prêmio de Melhor Atriz , recebido da "Los Angeles Film Critics" . Os estúdios de Hollywood começariam a chamá-la, para lançá-la nos seus filmes. Mas Bolkan parecia não estar disposta a acotovelar-se com as estrelas de Hollywood; não era a jogada dela.
A atriz cairia em uma grande crise de identidade, e decidiu-se pela experiência de viver uma "vida normal" e de fazer coisas que nunca tinha tido tempo de fazer, esquecendo as pressões que uma estrela passa, e que fora forçada durante muito tempo. Passou a viajar, construir e vender casas, plantar árvores, praticar esportes, sobretudo montar os seus adorados cavalos, mas também velejar, voar, esquiar e jogar tênis. Tudo isso já durava quatro anos e Florinda percebeu que era importante atuar de novo. Assim , em uma nova casa de campo nas proximidades de Roma, ficou contente ao constatar que ninguém a havia esquecido. Tornou a apresentar em um par das comédias italianas, também gravou o mais popular seriado de TV , já realizado na Itália. "La piovra" nº 1 e nº 2, bateu todos os recordes de audiência e a celebrizou entre a nova geração de jovens, como aconteceu 15 anos antes com "Anonimo Veneziano". Além do mais conquistou todos os prêmios para a TV do ano de 1986.
Não querendo viver apenas de sua gloriosa carreira, ela decidiu que, um verdadeiro ator tem que demonstrar o seu talento no teatro. No inverno de 1984 encenou, em italiano, com Michele Placido, na comédia "Metti una sera a cena", com o mesmo diretor que, anos antes, tinha rodado o filme. A comédia foi um sucesso incrível que tornou-se uma das mais solicitada, pelos aficionados, ópera teatral daquele ano. Florinda era a primeira atriz que, com um sotaque estrangeiro, divertia o público dos mais antigos teatros italianos! Entre 1985-86 sob a direção de Giuseppe Patroni Griffi, Florinda Bolkan interpretou Yelena Andreyevna, personagem da comédia de Cekov "Zio Vania". Provou o que já era explicitamente definitivo, ser profissionalmente, do nível dos grandes atores. Assim, ela conquistou a estima e os aplausos do público e da crítica.
Em 1986-87 fez parte do elenco de Michael Hoffman, no filme "Sisters", rodado no Canadá e produzido por Robert Redford, pela MGM. Como diretora, usou o cenário paradisíaco de sua terra natal, o Ceará, e dirigiu seu primeiro filme "Eu Não Conhecia Tururu" e esteve no 28º Festival de Cinema de Gramado, em junho de 2007, acompanhando o desempenho do filme. A atriz reside em Braccano, a 50 quilômetros de Roma - Itália onde vive há quase 50 anos. Ela não pensa em morar no Brasil, mas pode-se encontrá-la de repente em sua casa em Fortaleza, na Praia de Quixabá, perto de Canoa Quebrada," É o melhor forró do mundo, e adoro dançar.", diz Florinda Bolkan que apesar da distância e anos vivendo na Europa, esta setentona não perdeu suas raízes.
Fonte: cinemetro
website oficial de Florinda Bolkan (lindas fotos)
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