A família Yared pediu a cassação do deputado por “quebra de decoro parlamentar”. Despido do mandato, ele perde o direito ao foro privilegiado e vai a júri popular. É o início de uma luta cheia de dores, frustrações e lágrimas, que não trará seu filho de volta. Uma luta contra padrinhos importantes: o governador do Paraná, Roberto Requião, teria mandado jatinho do Estado levar o deputado para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
O presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Nelson Justus, pediu que se apure “eventual quebra de decoro parlamentar”. O regimento interno exige de deputados conduta exemplar dentro e fora da Casa. Mas tem parlamentar que se lixa para isso.
Se Carli Filho não perder o mandato, as investigações serão feitas pelo Poder Judiciário. O promotor do Ministério Público estadual, Rodrigo Chemin, confirmou a embriaguez do deputado, documentada por testemunhas. Uma semana após o acidente, o sangue do deputado ainda não tinha sido analisado.
Todos nós, até o julgamento, somos inocentes. Mas esses dois rapazes não estariam mortos se o deputado agisse corretamente. Perdeu a carteira? Faça novo exame, contrate um motorista. Dinheiro para isso ele tem.
Essa tragédia também precisa provocar reflexões sobre o foro privilegiado. Se for para manter o privilégio, que seja em delitos menores, sem mortes.
O deputado Carli Filho respira sem a ajuda de aparelhos e passa por exames clínicos e neurológicos. Na sexta-feira, não havia previsão de alta. Ele fará cirurgias para reconstrução da boca e da face. Quem sabe, junto, os médicos reconstruam sua consciência. E ele peça perdão às mães de Gilmar e Carlos.
ACIDENTE CURITIBA
Destroços do Honda Fit destruído em colisão com carro dirigido pelo deputado estadual Carli Filho
Carlos Murilo de Almeida, 20 anos, morreu na hora do acidente e Gilmar Yared, 26 anos, a outra vítima da colisão.
Materia Completa: Revista Época
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