"Deus me respeita quando eu trabalho. Mas me ama quando eu canto."

segunda-feira, março 21, 2011

choque séptico, você sabe o que é?

Eu sofri um choque séptico

Era dia 03.03.11, quarta-feira antes do carnaval... faltavam apenas oito dias para que meu transplante de medula óssea completasse quatro meses e era dia de fazer a manutenção do cateter, feita uma vez por semana no ambulatório do hospital. Eu estava muito bem, até sair do hospital e entrar em um taxi, onde comecei a sentir muito frio e tremer incontrolavelmente. Embora isso não pensei em voltar ao hospital ou relacionei a ocorrência com a poderosa bactéria (hospitalar) que começava a agir no meu organismo. Eu apenas queria vir para casa e descansar.

Duas horas depois de estar em casa eu tinha febre de 39,9 e me sentia muito mal; duas horas e meia depois eu perdi os sentidos na porta do Pronto Socorro. Eu entrara em choque séptico. 

Os procedimentos médicos pelos quais passei devem ser padrão, quase todos constam da descrição do que é e como se dá o choque séptico pelo Merck, abaixo colado. De diferente, eu creio, apenas a reação de cada organismo. Foram quatro horas para conseguirem reverter meu choque; doze horas recebendo noradrenalina - uma droga poderosa e de duas caras, como quase todas elas: se pode salvar, também pode causar grandes danos. Uma felicidade ter sido salva e polpada dos danos - depois, dezoito horas de UTI.

Como não mais perdi a consciência enquanto tudo se dava, de diferente creio que são os pensamentos e sentimentos de cada pessoa que passa por essa experiencia. Não me senti em confusão mental como descreve o manual, me senti fraca, pequena, vulnerável...um galho de árvore sendo manipulado. Deixei de me importar, mas sempre "chiava" com as dores de picadas aplicadas de qualquer modo. Uma porção de pensamentos, acho que bons. Se antes estava cansada passei a me sentir leve, talvez as drogas, talvez o oxigênio...Informada do meu quadro clínico eu decidi enfrentar a realidade sem sofrer moral ou psicológicamente, afinal um dia isso vai acontecer. "Nada de ira; nada de receio; nada de tristeza." Minha irmã doadora sempre fala assim.

Algumas lembranças; algumas pessoas e me bateu uma grande saudade - isso doeu! Senti uma grande saudade de minha filha mais velha - saudade como nunca eu sentira! 

UTI é um lugar horrível de se ficar - uma grande solidão. Então veio a internação - quinze dias, muito medicamento, muita observação, muita reflexão! Mas tudo acabou e aqui estou de volta, sem sequelas e feliz, porque o manual Merck termina sua explicação dizendo: "Mesmo assim, mais de um quarto dos indivíduos com choque séptico morrem."

Eu sobrevivi.


Choque Séptico


O choque séptico é uma condição na qual a pressão arterial cai a níveis potencialmente letais como conseqüência da sépsis. O choque séptico ocorre mais freqüentemente em recém-nascidos, em indivíduos com mais de 50 anos de idade e naqueles com comprometimento do sistema imune. A sua gravidade é maior quando a contagem leucocitária encontra-se baixa, como ocorre em indivíduos com câncer e que fazem uso de drogas antineoplásicas ou que apresentam doenças crônicas (p.ex., diabetes ou cirrose).

O choque séptico é causado por toxinas produzidas por certas bactérias e por citocinas, que são substâncias sintetizadas pelo sistema imune para combater as infecções. Os vasos sangüíneos dilatam, produzindo queda da pressão arterial apesar do aumento da freqüência cardíaca e do volume de sangue bombeado. Os vasos sangüíneos também podem tornar-se mais permeáveis, permitindo o escape de líquido da corrente sangüínea para os tecidos, causando edema.

O fluxo sangüíneo aos órgãos vitais, sobretudo aos rins e ao cérebro, diminui. Posteriormente, os vasos sangüíneos contraem em uma tentativa de elevar a pressão arterial, mas o débito cardíaco diminui e, conseqüentemente, a pressão arterial permanece muito baixa.

Sintomas e Diagnóstico

Freqüentemente, os primeiros indícios do choque séptico, mesmo 24 horas ou mais antes da pressão arterial cair, são a redução do estado de alerta e a confusão mental. Esses sintomas são causados pela redução do fluxo sangüíneo ao cérebro. O débito cardíaco aumenta, mas os vasos sangüíneos dilatam e, conseqüentemente, ocorre uma redução da pressão arterial. Geralmente, o indivíduo respira muito rapidamente e, por essa razão, os pulmões eliminam um excesso de dióxido de carbono e a concentração do mesmo no sangue diminui.

Os sintomas iniciais podem incluir calafrios com tremores, um aumento rápido da temperatura, pele quente e avermelhada, um pulso acelerado e oscilações da pressão arterial. O fluxo urinário diminui, apesar do aumento do débito cardíaco. Nos estágios mais avançados, a temperatura corpórea freqüentemente cai a níveis inferiores ao normal. À medida que o choque piora, vários órgãos começam a falhar, inclusive os rins (causando redução do débito urinário), os pulmões (causando dificuldades respiratórias e concentração baixa de oxigênio no sangue) e o coração (causando retenção líquida e edema). Pode ocorrer a formação de coágulos sangüíneos no interior dos vasos sangüíneos.

Os exames de sangue revelam quantidades elevadas ou baixas de leucócitos e o número de plaquetas pode diminuir. As concentrações dos produtos da degradação metabólica (p.ex., nitrogênio uréico), as quais são facilmente mensuradas no sangue, continuam a aumentar quando os rins falham. O eletrocardiograma (ECG) pode revelar alterações do ritmo cardíaco, indicando um suprimento sangüíneo inadequado ao miocárdio (músculo cardíaco). São solicitadas hemoculturas para se identificar as bactérias infectantes.

Tratamento e Prognóstico

Assim que os sintomas do choque séptico tornam-se evidentes, o indivíduo é internado em uma unidade de terapia intensiva para ser tratado. É realizada a administração intravenosa de grandes volumes de líquido para elevar a pressão arterial, a qual deve ser monitorada rigorosamente. A dopamina ou a noradrenalina (norepinefrina) podem ser administrada para contrair os vasos sangüíneos, de modo que a pressão arterial seja elevada e o fluxo sangüíneo ao cérebro e ao coração seja aumentado.

Se o indivíduo apresentar insuficiência pulmonar, a instalação de um ventilador mecânico pode ser necessária. São administradas doses elevadas de antibióticos logo após a coleta de amostras para cultura. Até as bactérias infectantes serem identificadas, geralmente são administrados dois antibióticos, para aumentar as chances de eliminação das bactérias. O abcesso presente deve ser drenado e o cateter, possível fonte da infecção, deve ser removido. Pode-se realizar cirurgia para a remoção do tecido morto (p.ex., tecido gangrenado do intestino). Mesmo assim, mais de um quarto dos indivíduos com choque séptico morrem.

Fonte: Merck

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