"Deus me respeita quando eu trabalho. Mas me ama quando eu canto."

terça-feira, abril 29, 2008

"Não sou conduzido, conduzo."



Se "de tudo fica um pouco"...


A Bandeira de meu Estado diz: "Não sou conduzido, conduzo"


Infidelidade, vaidade e prostração denigrem tal afirmação, porque se aproveitando dela, um grupo de infiéis vaidosos (além dos pobres ignorantes crédulos), espezinha a Nossa Bandeira e coloca ao rés do chão o nosso "despertar" - a alavanca do país, e, com meras palavras toscas destrói o que sempre fomos com galhardia e apreço ao próximo.

Agora, onde estamos Nós!?
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domingo, abril 20, 2008

Que raça é Essa!?


À guisa de ler , como faço sempre, as apreciações e comentários de meu amigo Toinho de Passira, deparei com uma "nota fora do tom habitual", sempre voltado à política dos governos Municipal, Estadual, Federal, algo incomum em "Toinho" - ele comenta sobre o assassinato de uma criança, ou melhor, se o publicou, concorda com o publicado na Revista Veja dessa semana, que ele reproduz e que ostenta na capa uma definição do crime: "Foram Eles"

Eu deixei a ele a resposta que abaixo reproduzo e o faço porque me sinto perplexa com a raça humana, não apenas e tão somente pelo bárbaro crime, mas em como nos dias de hoje podemos viver à sombra do mal, sob todos os aspectos.

Há inúmeras crianças nesse país que são "assassinadas" em vida, de muitas formas, modernas formas, tendo sido a criança "em questão" violentada em sua fragilidade e tendo estancada sua vida por um outro ser humano, de sua mesma raça: um ser humano. Tenha sido quem for, não foi seu cão de estimação, da raça animal, e sim, um ser humano, como eu, como você.

Há imensa deformidade no mundo e em nós, mas eu jamais havia assistido a alguma que mais me revoltasse sob todos os aspectos como essa ocorrência.

Uma criança pequena, um ser humano, foi constrangido e morto - um outro ser humano, alguém impiedoso, cometeu esse ato, mas tudo o que posso observar quanto a isso é a absorção dos meios de comunicação na exploração do fato e o intento de lucrar com o acontecimento.

"Exclusividade" - Jornais vendendo, audiência, promotor e advogados, se promovendo...Com a "necessidade" de informar ao "público", ao "povo", agências jornalisticas, de notícias, redes de TV, etc...todos caçando..."o criminoso"? Não, não, quanto engano! Caçando lucro, lucro com a morte de um ser indefeso e com a vida de um monstro. Há falas, há panos para as mangas, há muito à lucrar.

Incitar com isso o "povo"...e dai!? E esse povo? Formado por pessoas que jogam pedras na casa de alguém que não cometeu crime algum, senão o de ter concebido um criminoso, caso seja o caso do seu filho ser o assassino da própria filha dele...que povo é esse? A que raça pertencem? Essa é a nossa raça humana?

Me sinto mal e destroçada ao ter consciência de que não são apenas os "desabastecidos de chão e comida" que "comem criancinhas", assaltam e violam a nossa soberania individual; fico sem chão pensando em um ser humano fazendo isso ao seu próprio filho, mas me sinto enojada observando como essa estranha raça consegue viver, conviver e lucrar à sombra do mal.

Meu comentário à postagem de "Toinho de Passira"

"Você não foi o único que não resistiu comentar esse crime, tem uns dez dias até Reinaldo Azevedo comentou esse acontecimento tão estranho e tanto cruel.

Desde que os telejornais passaram a priorizar as notícias sobre a morte da criança, eu comecei a me sentir como se algo horrendo tivesse acontecido em minha própria vida...

...tem hora que dá uma tristeza, ela é desconhecida, falha, esquisita, ai me recordo do ocorrido e me sinto vazia, me sinto mal por pertencer à mesma raça da pessoa que vitimou a criança...um sentimento desordenado como o que me assolou quando do avião que trombou com uma parede...as imagens faziam com que se sentisse tanta impotência!

Um tanto de mal estar dentro de si mesmo e um tanto de revolta pela indiferença a que todos nós estamos expostos, tanto para a vida, quanto para a morte.

O ser humano é verdadeiramente assombroso!"
Ana Maria Cordovil

quinta-feira, abril 17, 2008

Eleições Municipais

Nunca antes na história deste país

Lucia Hippolito

Pelo visto, as eleições de 2008 serão diferentes de tudo o que já se viu no Brasil em matéria de eleição municipal.

Até hoje, uma das regras da política brasileira dizia que presidentes da República não se envolvem em eleições municipais.

Em geral, essas eleições ocorrem no meio do mandato presidencial, e muitas críticas ao governo federal podem transformar-se em derrota dos candidatos de partidos governistas.

Se o governo faz a maioria dos prefeitos, o presidente capitaliza alegremente os resultados, declarando que a vitória é a vitória das políticas do governo federal.

Se, ao contrário, a oposição faz a maioria dos prefeitos, o presidente alega que as eleições são locais, com preocupações locais.

E, silenciosamente, inicia a correção de alguns rumos de seu governo.

Assim tem sido até agora. Inclusive na eleição de 2004, quando o presidente Lula interferiu muito pouco nas eleições municipais.

Mesmo a derrota de Marta Suplicy em São Paulo, das poucas eleições em que Lula se meteu, não foi contabilizada no Planalto como uma derrota do governo, mas uma derrota de Marta.

Entretanto, em 2006 a situação começou a mudar. E o agente desta mudança foi o Bolsa-Família. Nas eleições daquele ano, o PT desalojou os coronéis tradicionais do Nordeste e os substituiu por um tipo de “coronelismo federal”.

Eleitores municipais, livres do jugo do coronel local, passaram a dedicar sua lealdade exclusivamente a Lula, engordando os índices de popularidade do presidente.

O fato é que Lula decidiu transformar as eleições de 2008 em um plebiscito sobre o seu governo. É candidato em cada um dos municípios brasileiros. É Lula que se coloca em julgamento.

Com isso, inverteu-se a lógica da política brasileira. Em vez de a política nascer no município, com candidatos a prefeito alavancando carreiras e eleições de deputados estaduais e federais, agora é o presidente da República que joga suas fichas e suas benesses em candidatos a prefeito.

Esta inversão de lógica pode ser extremamente prejudicial a partidos políticos fortemente fundados em bases municipais.

O principal prejudicado por esta “candidatura” onipresente do presidente só pode ser, naturalmente, o PMDB.

Herdeiro das tradições do velho PSD, o PMDB é o partido de maior capilaridade no Brasil. Dono do maior número de prefeitos, o partido é tão baseado na política municipal, que sua Convenção Nacional, por exemplo, é composta por delegados dos municípios, consolidando a lógica “do município para a União”.

A eleição de 2008 pode estar iniciando um ciclo inédito na política brasileira, invertendo a mão da lógica eleitoral, transformando o prefeito num mero agente do presidente da República e matando de vez a já moribunda federação brasileira.
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segunda-feira, abril 14, 2008

Não dá mais mesmo!

"Bleagh! Não dá mais pra engolir alguém metido na presidência urrando nos palanques e na mídia como se estivesse no ABC ou em campanha. Ou como se fôssemos moleques."

Cao Hering

"Minha bronca com Lula nem é mais tanto o seu governo. Estou desistindo. Vou procurar não me preocupar mais com seus arranjos pra ficar bem nas pesquisas nem com seus "não sei de nada", alegando inocência. Vou tentar ignorar sua subserviência ao "pacificador" Chávez, sua imparcialidade com as Farc e a reverência a Evo. Também não quero saber se seus gastos debochados e excessivos com cartões corporativos são "assunto de segurança nacional", nem do esforço da tropa de choque para evitar seu depoimento e o de Dilma Vitrine. E já estou me acostumando com suas tentativas de amordaçar a imprensa e com a petulância de Marco Aurélio Garcia.

Pouco me importa se o tal Lulinha ficou rico da noite pro dia por causa de sua "competência" com uma empresa de não sei o quê. Tanto faz se a turma do mensalão se reelegeu, se o MST invade fazendas produtivas ou se a Via Campesina destrói o árduo trabalho de décadas de pesquisa e seleção de espécies em apenas meia hora, tudo sob as vistas grossas de Lula.

Pouco se me dá a ameaça de novos apagões aéreos, se a Dilma Estela foi guerrilheira, se o petezinho de recados do Genoino foi pego com dólares na cueca, se o Dirceu fez plástica ou queria transformar isso aqui numa grande Cuba. Não quero mais ouvir quantas MPs Lula emitiu comparadas com FHC ou se já viajou três vezes mais. Prefiro fazer ouvidos moucos para o interminável assunto Aerolula e porque o avião não foi comprado da Embraer. E nem vou dar importância se já não temos estradas pra escoar a produção e se a saúde pública está perto da "perfeição" segundo as palavras do "Nosso Guia", na genial expressão cunhada por Elio Gaspari.

E daí, se em lugar da CPMF inventaram outras maneiras de garfar a turma do sol a sol? E tem algum problema se sai do nosso bolso o bolsa-família, o bolsa-geladeira, o bolsa-adolescente, o bolsa-indolente? Estamos sem ação mesmo, então mete ficha! E se cada dia nos sentimos mais inseguros na rua, no carro, em casa? Fazer o quê? E se a silenciosa Marisa vai silenciosamente às compras e às plásticas? Já não vejo problemas nisso.

E você vê algum problema se as Forças Armadas estão em estado de penúria? Pra mim tanto faz. Se a educação está indo galopante pro brejo? Sem estresse. Se inventam dossiês? Se aparelharam o estado com dezenas de milhares de "colaboradores", antes desocupados ou derrotados em eleições? Sirvam-se. Se houve uma certa mansão onde a caterva se reunia pra articular "as coisa" e ainda bisbilhotaram a conta do caseiro dedo-duro, eu já não ligo.

E o caso Celso Daniel imerso até hoje em espesso mistério? E canteiro em estrelinha da Dona Marisa? E as bregas festas juninas no Torto? E as indenizações vergonhosas para as famílias de ex-terroristas? E a transposição do São Francisco? E as verbas eleitoreiras do PAC? E o passeio de toda a família Silva mais os puxa-sacos lá pra Antártida, fugindo do escândalo com os cartões? E o afago patético em Severino sem ter a menor idéia de como este ascendeu à presidência da Câmara e como foi escorraçado de lá. Ou se a "oposição pode tirá o cavalinho da chuva". Ou se a silenciosa Marisa no Exterior faz sinal de positivo para os fotógrafos. Pra tudo isso nem tô mais aí.

Minha bronca com Lula é outra. Lula é antiestético. Não agüento mais a estampa de Lula. Só isso. Seu olhar injetado de ódio, suas piadinhas metafóricas, seu sorriso metido a maroto disfarçando a insegurança com os dedos no bolso do paletó. Não dá mais pra engolir alguém metido na presidência urrando nos palanques e na mídia como se estivesse no ABC ou em campanha. Ou como se fôssemos moleques. Aliás, também não suporto sua voz rouquenha e de língua presa em permanente tom de agressividade e ira. E aquele suposto diálogo com Bush, hein? "Bush, meu filho, resolve tua crise!". E a claque subvencionada se derramando... É tudo muito bizarro.

Lula é deselegante no comportamento. É instável, arrogante na vantagem e covarde nas situações adversas. Lula não deu as caras no local do maior acidente aéreo brasileiro onde morreram 199 pessoas, como faria um estadista. Lula nunca deve ter cedido lugar a uma senhora e nem nunca antes na história desse país deve ter aberto a porta para alguém.

O PT quer governar 20 anos? Vá em frente. Eu só peço uma coisinha ao PT: tirem a cara de Lula do vídeo e dos jornais. Bota outro! Qualquer outro! Nada de terceiro mandato, por favor! Só pra vocês terem uma idéia da minha bronca, eu topo até o Zé Dirceu pra presidente! Isso mesmo! Você leu certo.

- Dirceu presidente! Dirceu presidente! Dirceu presidente!"

Cao Hering
Colunista e chargista do Jornal de Santa Catarina, Carlos Hering, é conhecido de todos no Vale do Itajaí como Cao Hering. Formado em publicidade e propaganda pela Faculdade dos Meios de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Famecos-PUC), atuou em agências como a Standard Ogilvy & Mather Propaganda, em Porto Alegre, e as blumenauenses Scriba Propaganda e PAZ Propaganda. Um dos fundadores da Direcional Propaganda, também de Blumenau, já recebeu duas dezenas de Prêmios Colunistas. Foi presidente do Grupo de Profissionais de Comunicação e Marketing de Blumenau (GPCM) por três vezes.

Fonte: E-mail

domingo, abril 13, 2008

Nossa Vida

Nossa vida, muita vez é Assim


Colorindo



Infinitivo Pessoal

Colorir

Colorires

Colorirmos

Colorirdes

Colorirem

Particípio

Colorido

Indicativo Presente

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colores

colore

colorimos

coloris

colorem

Eu dou cor

Nós Colorimos

sábado, abril 12, 2008

Porque hoje é sábado, um sambinha


CARTÃOZINHO



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Sou eu, somos nós!



Metade



Que a força do medo que tenho,
não me impeça de ver
o que anseio.
Que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos
e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito,
mas a outra metade
é silêncio
Que a musica que eu ouço ao longe,
seja linda,
ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo
seja pra sempre amada
mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
mas a outra metade
é saudade
Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece,
e nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas,
como a única coisa que resta
a um homem inundado
de sentimentos
Porque metade de mim
é o que ouço,
mas a outra metade
é o que calo
Que essa minha vontade de ir embora
se transforme
na calma e na paz
que eu mereço
E que essa tensão que
me corrói por dentro
seja um dia recompensada
Porque metade de mim
é o que penso
mas a outra metade
é um vulcão
Que o medo da solidão
se afaste, e que o convívio
comigo mesmo,
se torne ao menos
suportável
Que o espelho reflita em meu rosto,
um doce sorriso,
que me lembro ter dado
na infância
Porque metade de mim é a
lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei
Que não seja preciso mais
do que uma simples alegria
para me fazer aquietar
o espírito
E que o teu silêncio me fale
cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo,
mas a outra metade
é cansaço
Que a arte nos aponte uma resposta,
mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
porque é preciso
simplicidade para
fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia,
e a outra metade
é canção
E que a minha loucura
seja perdoada,

Porque metade de mim
é amor, e a outra metade...
também

(Oswaldo Montenegro)

Metade de mim

"Que em um momento de grande
brilho e brilhante ardor,
duas partes transponham os portais
do máximo amor
e se encontrem em uníssono plano,
transformando uma metade,
em um ser inteiro e inteiramente seu"
...de cada uma metade
de ti!


AMC

Alma do negócio

"A Ford canadense não brinca em serviço, contratou simplesmente o Cirque Du Soleil para promover seus carros em um comercial de televisão. Os artistas do circo, em torno de 16, fazem umas estripulias e montam um carro. É um carro de 16 cavalos, digo, humanos!"



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quarta-feira, abril 09, 2008

Convocado encanador

DOSSIÊ FHC

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"O Brasil se abastardou"

Diogo Mainardi - Revista Veja

De volta ao escambo

"A compra da Brasil Telecom pela Oi está sendo
calculada em 8,5 bilhões de reais. Resta saber
de onde sairá o dinheiro. Eu chutaria que sairá
dos bancos estatais. Escambo é assim mesmo.
O homem branco dá um espelho, o cacique
tremembé entrega todos os bens da tribo"

A Oi está engolindo a Brasil Telecom. Chega ao fim aquela que Luiz Gushiken chamou grandiosamente de "a maior disputa societária da história do capitalismo brasileiro". O resultado mostra qual é o atual estágio do nosso capitalismo: com Lula, regredimos à economia do escambo.

Eu sei que metade dos leitores foi embora depois de ler "Oi". Eu sei que a outra metade foi embora depois de ler "Brasil Telecom". Na primeira linha do artigo, perdi todos os leitores. Sem contar os que se enforcaram depois de ler "Luiz Gushiken". Lamento muito. O assunto é aborrecido. A disputa pelo controle da telefonia nacional foi manchete dos jornais por dez anos seguidos. Um espionou o outro. Um se aliou ao outro. Um traiu o outro. No fim, chegou-se a um acordo nebuloso que satisfez todos os lados. Os processos judiciais que poderiam emperrar o negócio foram suspensos. Só sobraram os meus. Minhas colunas sobre o tema me renderam dezoito processos. O que eu dizia nelas? Em primeiro lugar, que o lulismo se intrometera na disputa pelo controle da telefonia nacional, tomando o partido de alguns de seus maiores financiadores. Em segundo lugar, que a Oi acabaria engolindo a Brasil Telecom, com o apoio de Lula.

Isso é o que conta: o apoio de Lula. A compra de uma operadora pela outra é ilegal. Para que ela possa ser realizada, Lula tem de mudar a lei que regulamenta a telefonia. O plano era mudá-la em 2005, mas tudo desandou quando se soube que a Oi dera uma bolada ao filho de Lula, para a compra de sua empresa de fundo de quintal. Agora ninguém mais se preocupa com isso. O Brasil piorou. O Brasil se abastardou. Lula faz o que bem entende. O caciquismo aplicado à economia resultou num retorno à prática do escambo.

Por enquanto, o negócio está confinado nas páginas de economia dos jornais. A imprensa pegou bode do assunto. Muitos jornalistas se emporcalharam trabalhando para um lado ou para o outro. Agora todos temem ser associados a uma das partes em disputa. Só para dar uma idéia de como isso funciona, um dos sócios da Oi, dois anos atrás, chegou a me acusar de beneficiar Daniel Dantas, embora eu sempre tenha responsabilizado o mesmo Daniel Dantas pelo pagamento dos mensaleiros. Mas o que realmente importa nessa história – bem mais do que seu aspecto comercial ou a sordidez de alguns jornalistas – é o papel desempenhado pelo lulismo. A compra da Brasil Telecom pela Oi está sendo calculada em 8,5 bilhões de reais. O mercado avaliou quanto deve sobrar para cada sócio: Citibank, 1,5 bilhão de reais; Daniel Dantas, 1 bilhão de reais; Previ, 1 bilhão de reais. Agora resta saber de onde sairá o dinheiro. Considerando o atual estágio do nosso capitalismo, eu chutaria que ele sairá dos bancos estatais. Escambo é assim mesmo. O homem branco dá um espelho, o cacique tremembé entrega alegremente todos os bens da tribo.

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...enquanto isso, "os companheiros"...

Quando a vida pública vira privada

Blog Reinaldo Azevedo


Eu não quero sem saber de A ou B, na TV Pública, querem trabalhar muito ou pouco. Sei de mim. Sempre trabalhei muito. Por vocação, não por obrigação. Um ou outro chefes e/ou patrões que tive ao longo da vida talvez pudessem dizer a meu respeito: “Ah, o cara é chato”. Ou então: “Ele é meio prepotente”. Ou ainda: “Ih, mas o sujeito é um tanto abespinhado; irrita-se por nada”. Não sou santo. Mas jamais diriam: “Pô, o cara é vagabundo!”. Ah, isso não! Se mais-valia existisse, eu seria um campeão de produção. Essa questão, na verdade, só é mesmo possível em órgãos públicos, né? Nas empresas privadas, não se coloca. Claro, sempre há a fofoca, geralmente fruto de ressentimento e inveja, de fulano ou o beltrano que seriam protegidos do patrão ou do poderoso chefe da hora. Meu conselho: faça o seu trabalho e deixe a fofocaiada de lado. Adiante.

Enfrentei isso no começo da minha atividade jornalística. Fui contratado pelo dono do jornal, que depois se tornou meu amigo — e é até hoje. Não cito nomes porque não gosto de envolver ninguém em minhas histórias. “Ah, virou chefe porque é amigo do dono”. Talvez imaginassem que um inimigo ficaria melhor na função. Também era objeto de uma acusação: “Não é jornalista (eu tenho o canudo), mas professor”. A melhor maneira de responder a isso: trabalhando. Mas notem bem: estou falando de empresa privada. Cada uma contrata quem quiser com o seu dinheiro. Com o nosso, na empresa pública, a coisa tem de ser diferente.

Por que o preâmbulo? Luiz Lobo, que ancorava o Repórter Brasil, de que também era editor-chefe, foi demitido da TV Pública. Ele diz ser uma variante da perseguição política. Seu ex-chefes, todos subordinados mentais do PT, sugerem que era pouca disposição para o trabalho. Não houvesse essa estrovenga, paga com o nosso dinheiro, o caso nem existiria, não é mesmo? Adiante.

A acusação busca tirar o foco da questão principal. E a questão é eta: o que faz na TV Pública Jaqueline Paiva, mulher de Nelson Breve (o sub de Franklin Martins), em uma posição de chefia. Isso, sim, é o fim da picada. Já escrevi: o petismo inovou. Da mulher de César, dizia-se não bastar ser honesta; era preciso que parecesse honesta também. Para os companheiros, "ser ou não ser" jamais será a questão. Eles nem mesmo se ocupam de parecer. Podem tudo. Vivem em pleno delírio de potência. Se a TV fosse de Franklin Martins, ele enfiaria lá quem ele bem entendesse. Mas não é.

Eles são mesmo uma gente muito especial. Vejam este despacho, copiado do Diário Oficial da União:

PORTARIAS DE 28 DE JUNHO DE 2007
A MINISTRA DE ESTADO CHEFE DA CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, no uso de suas atribuições e tendo em vista o disposto no art. 1o do Decreto no 4.734, de 11 de junho de 2003, resolve
Nº 690 - NOMEAR
IVANISA MARIA TEITELROIT DE SOUZA MARTINS,
para exercer o cargo de Assessor Especial da Subchefia de Articulação e Monitoramento da Casa Civil da Presidência da República, código DAS 102.5.
Assinado: DILMA ROUSSEFF


Viram só? A mulher de Nelson Breve trabalha na TV Pública, onde o manda-chuva é seu chefe, Franklin Martins, e a mulher de Franklin foi contratada pela ministra Dilma Rousseff para a Casa Civil. Diogo Mainardi fez um podcast a respeito no dia 28 de agosto de 2007. Para ouvir, clique aqui e procure a data).

Essa gente toda, sem dúvida, segue o caminho daquele meu amigo. A diferença é que ele contratava quem bem entendesse com o seu dinheiro. E os companheiros de agora impõem a linha justa, mas com o NOSSO. Como se vê, transformam a vida pública em privada.
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segunda-feira, abril 07, 2008

Charlton Heston

EUA recordam Charlton Heston em meio a admiração e controvérsias



Os Estados Unidos lembraram neste domingo (6) o ator Charlton Heston, que imortalizou personagens heróicos em uma época na qual este país precisava deles e que se tornou um paradigma para a direita no final de sua vida.

Heston, que morreu na noite de sábado na Califórnia aos 84 anos, é a imagem eterna de personagens como Moisés, Michelangelo e El Cid em filmes que reafirmaram a vitória do bem sobre o mal.

Seus papéis eram mensagens de calma para os americanos nos anos 50 e 60, quando as pessoas construíam bunkers improvisados em seus porões para se prepararem para um possível ataque nuclear da então União Soviética.

  • Papéis épicos

O candidato republicano à Presidência, John McCain, lembrou neste domingo de Heston na faceta de herói em filmes como "Os dez mandamentos", "Ben Hur" e "Antônio e Cleópatra".

"Ao aceitar papéis épicos e de comando mostrou ser um dos atores mais talentosos dos EUA e seu legado será parte de nosso cinema para sempre", declarou McCain através de um comunicado.

A família de Heston afirmou que o ator, que morreu em sua casa ao lado de sua mulher, "se empenhou com paixão em todos os seus papéis".

"Ninguém poderia ter pedido uma vida mais completa do que a sua, nem ter dado mais à sua família, à sua profissão e a seu país", afirmou a família, que não divulgou a causa da morte.

  • Política

Heston poderia ter tido uma aposentadoria discreta, mas, como seu contemporâneo Ronald Reagan - também ator -, se interessava pela política.

Ele foi diretor do Screen Actors Guild, o principal sindicato de atores e do Instituto Cinematográfico Americano. Além disso, apoiou o movimento em favor dos direitos civis para os negros nos anos 50.

Assim como Reagan, os anos fizeram com que Heston se envolvesse cada vez mais com a direita.

O ator foi presidente, entre 1998 e 2003, da Associação Nacional do Rifle (NRA, em inglês), o poderoso lobby que rejeita qualquer controle sobre a posse de armas nos EUA.

Heston chegou a dizer que seus oponentes teriam que tirar a espingarda de suas "mãos frias e mortas".

  • Armas

Uma de suas últimas aparições em um filme de sucesso - contra sua vontade - foi em "Tiros em Columbine", documentário no qual o diretor Michael Moore persegue Heston para pedir explicações pelas vidas perdidas no país pelo crime graças às posições da NRA.

Por outro lado, para os americanos de direita Heston era um ponto de referência. O ator fez campanha por candidatos republicanos e se opôs às cotas para a entrada em universidades e outros benefícios em favor dos negros e das minorias, medidas defendidas pelos democratas.

Por isso McCain, que quer mobilizar a base conservadora para as eleições de novembro, chamou Heston de "um líder na vida real".

"Trabalhou por este país e deu sua voz com orgulho em apoio a alguns de nossos direitos mais básicos", declarou o senador republicano.

Wayne LaPierre, diretor da NRA, afirmou em comunicado que, com a morte de Heston, "os EUA perderam um grande patriota".

"A Segunda Emenda perdeu um amigo fiel. Eu e quatro milhões de membros da NRA, assim como os 80 milhões de americanos que possuem armas e todos que se importam com a Constituição e com a liberdade, também perdemos", declarou LaPierre.

A Segunda Emenda da Constituição americana garante o direito dos cidadãos à posse de armas, algo que para Heston era fundamental.

.Fonte G 1

domingo, abril 06, 2008

Entre a Vida e a Morte

A banalização da morte banaliza a vida

Blog Reinaldo Azevedo

Nada escrevi até agora sobre o assassinato da menina Isabella Nardoni porque, como sabem, meu tema preferencial é a política, embora trate, amiúde, de assuntos relativos a comportamento e moral. Enfastia-me o excesso de notícias a respeito, numa espiral conhecida. O público demanda informação nova, a imprensa se mobiliza, alimenta a expectativa, que então cresce. Até a solução ou até que a coisa caia no esquecimento. É do jogo. Criticar a imprensa por isso é bobagem — desde que ela não avance em condenações prévias e sumárias. Parece-me que, em regra, há, desta feita, cuidado. Melhor assim.

Abordo aqui um aspecto aparentemente lateral à tragédia. Pai de duas meninas, é desnecessário dizer o horror que me assalta num caso assim — que não deve ser diferente do que vocês sentem. A VEJA desta semana traz uma capa sobre a persistência do Mal. O tema é caro às religiões e à moral. Pouco tenho a acrescentar, em essência, ao que está lá.

No dia 6 de outubro de 2006, já faz tempo, escrevi aqui: “Um cristão acredita em Deus, claro, mas sabe, como reafirmou o papa João Paulo 2º, que o demônio existe. O que é matéria de crença pode encontrar plena correspondência numa mentalidade agnóstica. Deus é a convicção, o princípio, o norte moral; o demônio é frouxidão da vontade, a ausência de limites, o relativismo sobre todas as coisas. Um cristão sabe que a manifestação mais clara do demônio — e, por favor, eliminem da imaginação aquela bobagens de possessão à moda do filme O Exorcista — é aquela que o leva a duvidar de si mesmo, dos seus valores; que põe uma névoa sobre os seus olhos e o impede de distinguir o certo do errado, porque, afinal, o certo de um sempre será o errado de outro, e vice-versa, e, enfim, tudo seria uma questão de ponto-de-vista.

Somos constantemente testados. Na semana passada, no artigo da VEJA, dei uma sapatada em Rousseau, aquele que acreditava que a gente é essencialmente bom, mas corrompido pela sociedade. Bobagem. Se fosse para debater essencialidades, a verdade estaria mais no oposto: somos maus. Os valores é que domam a nossa fúria. Por este ou aquele motivo, isso nem sempre acontece, e somos confrontados, então, com o horror — como agora, no caso do assassinato dessa menina; ou antes, no do garoto João Hélio. Aquele caso ainda parecia, apesar de tudo, mais compreensível: “impunidade”, disseram alguns (eu entre eles); “causas sociais”, disseram outros, os de sempre (que ainda acreditam, como Rousseau, em bondades inatas). Mas e Isabella? Nenhuma vulgata sociológica explica. Daí o nosso assombro. É como se, potencialmente ao menos, houvesse um infanticida em cada um de nós.

Ao desconforto essencial diante do fato, confesso, juntou-se um outro em mim. Já disse: parece lateral, mas pode estar no centro de tudo. Vi a Missa de Sétimo Dia da garota, as pessoas ali, todas de camiseta, com a imagem da menina estampada no peito. Uma coisa era pedir o fim da impunidade de assassinos no caso João Hélio. Mas e desta vez? O que se pede? Familiares, também a mãe, desempenharam a coreografia de uma suposta causa pública. Falando a uma rádio, ela revelou a intenção de criar uma ONG ou algo assim. Talvez estivesse serena; talvez vivesse, como qualquer um de nós diante da perda de um ente querido, o seu momento patético (veja o dicionário), mas pelo avesso, como quem é atravessado por uma dor de tal sorte insuportável, que não pode ser vivida senão com o alheamento. O tempo vai, então, se encarregando de realizar o evento trágico em sua real dimensão.

Especulo, como vêem, mas não afirmo nada. A pergunta que me fiz — na verdade, fiz a Dona Reinalda, no carro — foi a seguinte: “Reparou que parece não existir mais luto?” Tenho 46 anos e formação interiorana, apesar de ter deixado a minha cidade aos 9 meses. Mas, como Lope de Vega:
A mis soledades voy,
de mis soledades vengo,
porque para andar conmigo
me bastan mis pensamientos.

¡No sé qué tiene la aldea
donde vivo y donde muero,
que con venir de mí mismo
no puedo venir más lejos!

Pois bem. “No meu tempo”, viúvas andavam de preto por pelo menos um mês. Nas Missas de Sétimo Dia, todos iam de negro, a mesma cor do véu que cobria a cabeça das mulheres. Não só a vida era mais sacralizada — também a morte tinha um peso formidável. Era grave. E um silêncio pesaroso se adensava nas cerimônias — quase podíamos tocá-lo. “Morreu gente”. E isso doía na família dos nossos amigos, ou em nossa própria família, e em toda a comunidade. Por um tempo, a viúva, o viúvo, os país que perderam um filho ou os órfãos se convertiam em seres especiais, como se fossem, vejam que curioso, donatários de uma particular capacidade de perdão — de nos perdoar, também, já que não podíamos alcançar a extensão daquela dor. Era a particular nobreza dos que sofrem.

Isso acabou. As dores individuais não têm mais lugar e se convertem em causas. Até o sofrimento mais insuportável, o inominável, o que melhor realiza o sentido da palavra “nefando” — a perda de um filho —, transforma-sae numa demanda pública. A vida nunca valeu tão pouco porque, de fato, a morte se banalizou. Não é mais preciso sofrer. O sofrimento é inútil. Necessário é oferecer respostas coletivas e ser agente de uma proposta, de uma idéia, de uma tese.

A campanha da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) deste ano tem as palavras do Evangelho “Escolhe, pois, a vida”. De fato, é um convite que pode ser lido assim: “Respeita, pois, a morte” — porque é o outro extremo ausente da mensagem. A Igreja, com isso, combate o aborto, a eutanásia e, todos sabemos, a pesquisa com células tronco embrionárias. Já escrevi a respeito deste particular e do quão civilizadoras considero as restrições todas feitas pela Santa Sé.

Mais passa o tempo, mais me regozija o coração esta Igreja não abrir mão de seus princípios, não cedendo aos apelos e/ou à tentação de aderir ao pragmatismo que faz a vida valer tão pouco ou ser um vulto que cabe numa mera demanda coletiva. Se eu fosse um militante, diria assim: “É preciso (re)ssacralizar a vida” em toda a sua extensão e dimensão. E então a morte haverá de nos assombrar de novo". Mas eu não sou militante de coisa nenhuma. Só das minhas aflições.

Não tenho nada contra aqueles que transformam a sua dor em causas. Pode ser uma forma superior de enfrentar as dificuldades. Mas desconfio de uma sociedade que fez desaparecer o luto. A banalização da morte, ainda que por meio de sua espetacularização, nada mais é do que a banalização da vida. E uma das faces do triunfo do mal.
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