"Deus me respeita quando eu trabalho. Mas me ama quando eu canto."

sexta-feira, agosto 31, 2007

Vão-se os anéis



Que bom, ficam os dedos!

Hoje me dei conta de que não mais possuo as coisas belas que já possui. Coisas que foram tão acariciantes, tão simbólicas, tão relevantes. Muitas delas tão marcantes, remetiam a uma data especial, a um tempo há tanto passado e ainda outros recentes. Objetos de valor, de sonho...fantasia e realidade, alimentadores de minha vaidade.

Foram-se, em ocasiões diversas, perdidos na euforia demasiada ou em esteio à passagens rígidas. Alguns, sequestrados por ladrões, nos semáforos da vida.

Sentirei saudade deles, há alguns que se foram faz anos e dos quais não me esqueço, porque de beleza incomum e de incomum recordação.

Hoje dei-me conta de que eles quase inexistem, alguns esquecidos, alguns sobreviventes apenas na minha lembrança, mas ausentes de realidade.

Me consolou recordar o que dizia minha avó Delphina: "Vão-se os anés, mas ficam os dedos."

Sábia avó, que sobreviva em bom destino. Me fez recordar minha triste experiência, recente, em que quase perdi não apenas os dedos, mas toda a mão direita.

Sim avó, sou feliz por ter recuperado os meus dedos, mais me fariam falta do que os anéis que já os enfeitaram.



terça-feira, agosto 28, 2007

É desconcertante, mas real.

Petistas fazem jantar de desagravo a acusados

Da Folha de S.Paulo, hoje:

"Os petistas denunciados no escândalo do mensalão receberão a solidariedade de seu partido na próxima quinta-feira, véspera do início do 3º Congresso da legenda, em um jantar em São Paulo.

O evento foi marcado para aproveitar a presença dos delegados que estarão chegando para o congresso, em que a questão da ética e a avaliação das crises que o partido atravessou desde 2005 deverão estar na pauta. Apesar de ocorrer numa churrascaria, será um rodízio de pizzas, massas e saladas.

O pretexto para o ato é a sessão do STF (Supremo Tribunal Federal), que desde a semana passada analisa se aceita a denúncia contra 40 pessoas."


Esses somos Nós

Quanto descaramento! Realmente não falta mais nada, ou talvez sim: reunir o bandinho e aguardar aplausos no Maracanã - acha boa idéia?
A petralha talvez goste - quem sabe Lula consegue!? Não é o que mais coloca "gente" nas ruas?

Gente...sim, esse tipo estará ao seu lado, quanto à pessoas, não, não serão pessoas a comer pizza em comemoração, mas "gente" faminta. Famintos por lastros dos quais nunca serão capazes de possuir: decência!

A maior dor dos "famigerados" jamais será aplacada: eles não têm "berço" e isso não se compra e não se aprende, muito menos se toma através do "poder".

A dor do tão notório complexo de inferioridade, sempre manifesto pelo ex-sindicalista Lula, do qual toda essa "gente" é portadora, nunca será aplacada por qualquer pizza.

Pizza não matará a fome dessa gente, apenas a aniliquilação daqueles que eles gostariam tanto de suplantar: Sra. "Zelite", ou as "Zelites", se assim o preferirem.
Cuidado, hoje um garfo pode ser uma arma.



domingo, agosto 26, 2007

Faz-me rir

Muitas das noções do bem cuidar...de si mesmo.

Embora um tanto emprumada, o "quanto e tanto", me faz rir... dízimos e tudo o quanto mais (semelhante), se cobra de um povo, de uma Nação inteira e o "quanto" tudo isso, é inteiramente Ilegal, em sua grande parte.

E ainda, em sendo assim, não temos mais quem cuide de Nós.

O tanto e o quanto você possa acreditar nisso será a menor ou maior aproximação à porta para a "nossa" salvação.

"Uma Lupa, por favor!"

Do Blog do Noblat

Tomara que o Senado não recorra à mesma lupa que usou para aprovar os diretores da Anac e a indicação de Luiz Antônio Pagot para o Dnit.

”Do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) sobre os senadores que prometeram examinar "com lupa" a próxima indicação para o STF"

Uma Lupa, por favor!

sábado, agosto 25, 2007

Santo, Santo, Santo...Que Teu Nome nunca seja em vão.

Cartas de Madre Thereza de Calcutá (trechos)


A revista "Time" publicou trechos do livro em sua página na internet. O livro foi compilado e editado pelo reverendo Brian Kolodiejchuk, um dos defensores de sua canonização.
O conteúdo das cartas não deve afetar a campanha pela santificação, já que muitos santos na história da Igreja eram perturbados por dúvidas em relação a sua fé, a começar por são Tomé, que duvidou que Jesus tinha ressuscitado. Além disso, de acordo com a Bíblia, o próprio Jesus questionou Deus, ao perguntar, na cruz: "Pai, por que me abandonaste?"
Mesmo assim, as cartas são um contraste à imagem pública de madre Teresa de incansável lutadora pelos pobres, movida sempre pela fé.
"Nunca li a história da vida de um santo que tivesse uma sombriedade espiritual tão intensa. Ninguém sabia que ela estava tão atormentada", disse o reverendo James Martin, editor da revista jesuíta "America".
Os textos tratam de vários assuntos, mas os que devem causar mais polêmica são os que constam do que a editora chamou de "cartas sombrias".
"Por favor reze especialmente por mim para que não estrague a obra d'Ele e que Nossa Senhor possa se mostrar -- pois há uma escuridão tão terrível dentro de mim, como se tudo estivesse morto", escreveu ela em 1953. "Tem sido assim mais ou menos desde que dei início à 'obra'."
Em 1956: "Tão profunda ânsia por Deus - e ... repulsa - vazio - sem fé - sem amor - sem fervor. (Salvar) almas não atrai - O céu não significa nada - reze por mim para que eu continue sorrindo para Ele apesar de tudo."
E em 1959: "Se não houver Deus - não pode haver alma - se não houver alma então, Jesus - Você também não é real."
Às vezes ela tinha dificuldade em rezar. "Digo palavras de orações comunitárias - e faço de tudo para tirar de cada palavra a doçura que ela tem de transmitir - mas minha oração de união já não existe - não rezo mais."

*

Foi muito bom ter conhecimento disso. Sempre tive muito medo de ser uma filha "orfã" e essa revelação de cartas de Madre Thereza me mostrou que não estou só.

Quando procuro orar, sim, me acontece, tem muito tempo:"Digo palavras de orações comunitárias - e faço de tudo para tirar de cada palavra a doçura que ela tem de transmitir - mas minha oração de união já não existe - não rezo mais."

Hoje, agora, fico feliz em saber que uma Santa como Madre Thereza, teve as mesmas dúvidas que eu tenho... "um ser entre nós", meramente mortal, também as sentiu .

Essa notícia me aliviou e com ela me sinto mais próxima do ser humano, embora muito distante da santidade de Madre Thereza de Calcutá. Tal conhecimento me fez sentir não apenas mais humana, mas menos devedora, ao que agradeço, a ela e a Deus.

quinta-feira, agosto 23, 2007

Fato é


Que poucas pessoas liguem, se importem com o mensalão ou com o julgamento de seus mentores.

Fato é que somos brasileiros e brasileiro é isso ai: quer ganhar e levar sua vidinha, seu trabalhinho, seu casamentinho, seu salarinho (quando não, sua "bolsinha"), seu churrasquinho nos finais de semana, sua peladinha, sua cervejinha (santa e certeira, embora o veto do sr. ministro da saúde) - "ah, coitado!" ...o mais, não tem a menor importância.

Deu!? Deu. Então está ótimo! Melhor do que isso, apenas morrer de catapóra.

Tendeu?

Esse povo não é do barulho e nem do baralho, hoje em dia, é mais da "canalha".

Me envergonho dessa gente, desse povo - incluindo SP e Piaui e tudo mais, enquanto Brasil.

Eita gente desleixada!

segunda-feira, agosto 20, 2007

De chorar!


Piada sem graça

Por Ricardo Noblat

Falta alguém na lista dos 40 denunciados por envolvimento com o Caso do Mensalão - o pagamento de propina a deputados no início de 2005 para que votassem na Câmara como queria o governo. Caberá ao Supremo Tribunal Federal decidir esta semana se aceita ou não a denúncia oferecida pelo Procurador Geral da República Antônio Fernando de Souza.

Na apuração do caso, também faltou alguém como o senador republicano Howard Baker, do Tennessee, lembrado ontem pelo ex-correspondente do New York Times em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. Baker fez parte da comissão parlamentar que investigou o Escândalo Watergate. Em 17 de junho de 1972, cinco pessoas foram presas depois de invadir a sede do comitê do Partido Democrata no edifício Watergate, em Washington. Elas tentavam fotografar documentos e instalar ali aparelhos de escuta.

Na época, o presidente dos Estados Unidos era o também republicano Richard Nixon. Eleito em 1968, ele se reelegeria quatro anos depois derrotando em 49 dos 50 estados o candidato do Partido Democrata George McGovern. Enquanto durou a investigação do escândalo, o senador Baker não se cansou de dirigir a Nixon a mesma pergunta: “Presidente, o que o senhor sabia e quando soube?” Nixon renunciou ao cargo em 9 de agosto de 1974 quando restou provado que mentira ao país ao negar que sabia de tudo.

Os norte-americanos levam muito a sério esse negócio de mentir para eles. Durante mais de um ano, o presidente Bill Clinton correu o risco de ser deposto por não ter dito toda a verdade sobre seu caso amoroso com a estagiária da Casa Branca Mônica Lewinsky. “Eu não tive relações sexuais com esta mulher”, ele jurou. Depois que Mônica contou diante de um júri que Clinton acariciara seus seios e sua genitália, e que ela fizera sexo oral nele, Clinton foi à televisão e admitiu medindo as palavras:

- Eu tive um relacionamento com a senhorita Lewinsky que não foi apropriado.

Para livrarem Cliton da acusação de ter mentido, seus advogados se aferraram à definição de sexo como “contato [do pênis] com a genitália, ânus, virilha, seios, parte interna das coxas ou nádegas de qualquer pessoa com a intenção de provocar ou satisfazer o desejo sexual”. Empenhado em desviar o foco da discussão pública, Clinton mandou bombardear bases terroristas no Afeganistão e no Sudão. Por fim, escapou. Os terroristas, também.

Em torno de Lula, foi montada o que o Procurador Geral da República classificou como uma “sofisticada organização criminosa” divida em três núcleos: o político-partidário, o publicitário e o financeiro. O primeiro pretendia garantir a permanência do PT no poder mediante a compra de apoios políticos. O segundo desviou recursos públicos para bancar a compra de apoios. O terceiro extraiu vantagens ilícitas e se encarregou de lavar dinheiro.

Entre os 40 denunciados, três são ex-ministros – dois deles, José Dirceu e Luiz Gushiken, os mais próximos de Lula. Há 11 deputados ou ex-deputados de cinco partidos. E mais a antiga cúpula nacional do PT. Fez parte dela o único nome punido pelo PT com a expulsão – o ex-tesoureiro Delúbio Soares. Dele se disse que obedecia a José Dirceu. Na verdade, Delúbio sempre obedeceu a Lula. De tão íntimo dele, hospedou-se na Granja do Torto.

É possível que tanta gente ligada a Lula tivesse agido sem o seu conhecimento? Improvável. Lula nunca passou cheque em branco para ninguém, afirmou Dirceu em entrevista à PLAYBOY. Ele se referia a uma suposta declaração de Lula de que seria capaz de dar um cheque em branco para o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB). Mas Dirceu havia dito antes que jamais fez qualquer coisa sem o conhecimento prévio de Lula. Jamais.

Uma oposição frouxa e cúmplice, refém de crimes semelhantes praticados quando esteve no poder, apostou que Lula sangraria sozinho. Foi leniente com ele. A denúncia do mensalão será aceita. Mas em 40 anos o STF nunca condenou uma autoridade. Foi rápido, por exemplo, para julgar o ex-presidente Fernando Collor, absolvido dois anos depois de cair. Em compensação, arrasta-se ali há seis anos processo contra o deputado Jader Barbalho (PMDB-PA), acusado de corrupção.

Em outubro de 2005, ao celebrar seu aniversário de 50 anos, Delúbio profetizou, debochado, que o escândalo será lembrado no futuro como mera “piada de salão”. De lá para cá, nada sugere que ele esteja errado.

domingo, agosto 19, 2007

"Felicidade como aspiração política"

A falta de tempo para a família e os amigos e a sensação de insegurança diminuem o bem-estar emocional que o dinheiro pode trazer
por Esteban Hernández

Em "A Corrosão do Caráter", Richard Sennett, o mais famoso sociólogo contemporâneo, comparou os estilos de vida de Enrico, imigrante italiano que trabalhava limpando escritórios em Chicago e cujo principal objetivo era poupar o dinheiro necessário para comprar uma casa digna e garantir um futuro melhor para sua família, e o de Rico, filho dele e submetido à vida flexível pós-moderna, às viagens constantes, à instabilidade no emprego e que, no entanto, gozava de um nível de vida elevado. Uma mudança tão acentuada, evidente a um simples olhar e refletida em inúmeras marcas físicas, psíquicas e sociais, não parece ter resultado tão positivo quanto se poderia esperar. Segundo um estudo da Universidade de Siena (Itália), dirigido pelo professor de economia política Stefano Bartolini, os americanos viveram um declínio apreciável em sua qualidade de vida, afetada principalmente pela deterioração das relações sociais e pelo aumento das horas de trabalho, e hoje são muito menos felizes do que há 30 anos.

Até poucas décadas atrás, na Espanha, se observavam esses dados à distância, como se fizessem parte de processos que só ocorriam em países com uma carga de ansiedade social muito maior que a nossa. Éramos pobres, mas vivíamos em termos cotidianos muito melhor que os frios e ricos países do norte da Europa. É claro que os relatórios atuais não parecem confirmar uma impressão que, apesar de tudo, parece continuar vigente na área mediterrânea. Em "O Primeiro Mapa-múndi da Felicidade", estudo dirigido pelo psicólogo social Adrian White, da Universidade de Leicester, e no qual foram compilados dados de 177 países, aqueles com maior índice de bem-estar emocional são Dinamarca, Suíça, Áustria, Islândia, Bahamas, Finlândia e Suécia. Os EUA são o 23º e o Reino Unido o 41º. A Espanha está em 46º lugar.

Em outras palavras, aconteceu conosco o mesmo que com Enrico e seu filho? Passamos em poucas décadas de um país pobre mas feliz, com um clima que favorecia relações sociais fortes, laços familiares sólidos e um sentido estreito de solidariedade, a outro muito mais disperso, com pessoas fechadas em si mesmas e com redes sociais frágeis? Trocamos felicidade por bem-estar material?

Sem dúvida os processos vividos em nosso país não são substancialmente diferentes dos ocorridos na Europa ocidental, onde as questões materiais deram lugar a aspectos muito mais relacionados à vida privada, indica Josep Maria Blanch, catedrático de psicologia social da Universidade Autônoma de Barcelona. "Quando os problemas de subsistência deixam de ser os que mais preocupam em um país, costumam tomar seu lugar os relacionados à qualidade das relações humanas. Os que hoje dispõem de maior status econômico também são os mais pobres em tempo. Assim, não temos energia disponível para as relações familiares, para cuidar dos filhos e para a vida social, o que faz nossa qualidade de vida decair".

Como medir a felicidade?
O grau de felicidade tem muito a ver com o bem-estar emocional, e este está intimamente relacionado à qualidade das relações sociais. Mas é o fator essencial? Como se pode medir a felicidade? Segundo Amado Peiró, professor do departamento de análises econômicas da Universidade de Valência, os elementos a considerar são: "A saúde, já que existe uma forte associação direta entre esta e a felicidade; o estado civil, pois os casados são mais felizes que os solteiros e muito mais que os viúvos, separados ou divorciados; e a idade, já que a felicidade decresce com o tempo até alcançar um mínimo na década dos 40 para remontar posteriormente". Outros fatores de aparente importância, como o sexo, o número de filhos, o tamanho da cidade em que se vive ou o nível de estudos "são variáveis que não estão praticamente associadas à felicidade".

Embora o principal indicador pareça ser o nível material, que aparece altamente valorizado nas pesquisas, tanto de uma perspectiva coletiva como individual. Assim, em "O Mapa-múndi da Felicidade", são os países de maiores recursos que ocupam os primeiros lugares. E seu diretor, Adrian White, afirmou que se poderia deduzir da pesquisa que, ao contrário do que afirma a psicologia social contemporânea, a principal causa da infelicidade é a pobreza. Segundo Peiró há três afirmações que podem ser consideradas certas no que se refere ao peso do nível econômico: "Em um país e em determinado momento, as pessoas de renda maior são mais felizes que as de renda menor, mesmo que a diferença não seja muito grande; em segundo lugar, os cidadãos de países com renda elevada apresentam geralmente um maior nível de felicidade que os de países de baixa renda; e por último, ao longo do tempo, os aumentos na renda dos cidadãos de um país não se traduzem em aumentos de seu nível de felicidade. Por exemplo, um país desenvolvido pode triplicar sua renda per capita ao longo de três ou quatro décadas e, no entanto, o grau de felicidade de seus cidadãos não variar".

Blanch concorda. Para ele, é significativo que nos EUA na década de 1990 o Produto Interno Bruto tenha crescido 30% e, no entanto, os níveis de bem-estar percebido e de satisfação com a própria vida tenham baixado substancialmente. "Todos tendemos a concordar que para conseguir esse maior poder econômico as pessoas precisam ocupar muito mais tempo, o que termina erodindo um elemento chave, o da qualidade da vida social. Há povoados com um nível de vida médio que são mais felizes, pois compensam a menor renda com uma vida social intensa e agradável".

Mas ao se levar em conta a realidade das respostas dos pesquisados é preciso avaliar uma série de constantes, explica Juan Díez Nicolás, catedrático de sociologia na Universidade Complutense de Madri e membro da World Values Survey, associação que publica a cada cinco anos a Pesquisa Mundial de Valores. "Há duas regras de ouro. A primeira é que a maioria das pessoas tende a se identificar como felizes, seja qual for sua situação: nas sociedades atuais, onde existe uma suposição segundo a qual quem tem talento e trabalha duro triunfa, quem não é feliz está admitindo uma espécie de fracasso". Em conseqüência, para um exame correto, é preciso levar em conta o conjunto de respostas: "Uma pessoa considera a si mesma bem, avalia sua situação pessoal como melhor que a do país e melhor ainda a de seu país em relação ao mundo". Igualmente, os fatores temporais precisam ser postos em perspectiva: "A avaliação do presente costuma ser melhor que a do passado, e a do futuro melhor que a do presente".

O futuro
E é exatamente na ruptura dessas regras que se pode apreciar melhor o aumento da infelicidade. De um lado, porque os cidadãos percebem o mundo como cada vez menos confiável e mais perigoso. E ao mesmo tempo porque o futuro já não é visto como o momento em que se concretizarão os desejos presentes. Pelo contrário, o futuro está se desenhando, sobretudo na vida privada, com características muito instáveis. Como indica Blanch, "convivem em nossa época a esperança de um tempo melhor com o medo de perder algumas coisas que havíamos conseguido".

Para Josetxo Beriain, professor de sociologia da Universidade Pública de Navarra, essas mudanças são mais um sinal da ambivalência da modernidade: "Tomamos como valores essenciais a velocidade e a aceleração e acabamos vivendo uma certa tirania do presente; ou possuímos grandes avanços técnicos que podem acabar nas mãos de terroristas como instrumentos de enormes massacres". Mas onde se dão as maiores contradições "é no trabalho e na família, os grandes espaços sociológicos, que é onde realmente se mede o estado das coisas. E podemos falar que na família contemporânea há mais liberdade, que a mulher pôde se emancipar e que podemos escolher melhor com quem queremos conviver. Mas ao mesmo tempo a família como colchão de segurança permanente, como couraça que nos protegia, como segurança social, está se deteriorando. Transformações equivalentes estão acontecendo no ambiente de trabalho, onde passamos de uma sociedade baseada na linearidade e na melhora progressiva para outra sustentada na insegurança permanente, como afirma Josep María Blanch. "Essa incerteza cria muitas dificuldades para planejar o futuro e para ver a vida com tranqüilidade. Mas ao mesmo tempo há um segmento de profissionais que desfruta e tira proveito dessa nova situação".

O terceiro aspecto paradoxal de nossos tempos aparece no consumo. Cada vez possuímos mais bens, gastamos mais com eles, desejamos com maior intensidade aumentar nossas propriedades, e, no entanto, os objetos não parecem melhorar nosso nível de felicidade. Pelo contrário: segundo Luis Enrique Alonso, catedrático de sociologia da Universidade Complutense de Madri, "os consumos particulares sempre nos deixam no âmbito da insatisfação. Quando os projetos vitais eram baseados no mundo do trabalho, alguém podia dizer 'sou economista, ou advogado, ou médico' e tinha um lugar de sentido definido. Agora, se alguém diz 'tenho o último ipod, logo sairá o superipod. É que o consumo vive das expectativas frustradas". E, embora possa parecer contraditório, "uma sociedade precária consome muito, geralmente animada por um entorno de comparações inter-subjetivas que sempre nos causa infelicidade".

Esse conjunto de transformações também foi objeto dos discursos políticos. A tensão entre o crescimento macroeconômico e o declínio do bem-estar privado foi abordada por David Cameron, o líder conservador britânico, que afirmou no início do ano que estava na hora de admitirmos que "na vida há algo mais que o dinheiro; além do Produto Interno Bruto devemos nos concentrar nos indicadores de bem-estar geral". Cameron quis salientar assim a necessidade de ações públicas que reforcem "a beleza de nosso ambiente, a qualidade de nossa cultura, e acima de tudo a força de nossas relações". O que pode parecer uma colocação paradoxal. Desde logo, porque é incomum que a política contemporânea pretenda entrar em assuntos privados, segundo afirma José Luis Ayllón, secretário de comunicação do Partido Popular especial. Ramón Jáuregui, deputado do Partido Socialista, concorda: "A política deve criar uma base de bem-estar, ajudar na convivência e a encontrar um equilíbrio entre liberdade e segurança. Essa é a sua base. Quando quer ir além, é preciso ser muito prudente. Esse é o caso da reivindicação da felicidade, algo muito pessoal, como aspiração política".

No entanto, a maioria dos programas partidários está tentando adequar suas respostas a mudanças sociais de grande profundidade, e que cada vez mais se referem a fatores intangíveis, a atitudes privadas que passam a ser objeto de ações públicas. É o caso da incerteza. No pessoal, como indica Concepciò Garriga, psicoterapeuta psicanalítica, "a insegurança faz parte de nossa realidade cotidiana e tentamos limitá-la onde podemos e com as ferramentas de que dispomos. E isso mesmo sabendo que é impossível ter tudo sob controle". No campo político, enfrentar essas novas situações foi parte central das propostas ideológicas dos últimos tempos. Segundo Ayllón, "ninguém mais espera entrar para uma empresa aos 18 anos e se aposentar na mesma aos 65. Hoje o futuro começa a cada dia e isso obriga a novos desafios. Por isso promovemos a reforma permanente, a necessidade de dinamismo; não podemos esperar que as oportunidades passem pela porta de casa; é preciso ir buscá-las".

Nessa ordem, o preparo é uma boa metáfora do que deve ser a vida contemporânea. "É preciso ter uma formação mínima indispensável, que deve ser complementada com a necessidade permanente de aumentar os conhecimentos ao longo da vida; se for possível ter duas profissões, é melhor que uma, e dominar três idiomas é melhor que dois". Nessas lições de casa também estão metidos os partidos políticos, segundo Ayllón. "Precisamos ser muito rápidos: as pessoas pedem que se esteja um passo à frente do que acontece e que se busquem fórmulas para ajudá-las em um ambiente confuso, no qual está havendo uma mudança brutal. Antes vivíamos uma mudança tecnológica a cada geração; agora ocorre a cada mês. De modo que, se você se torna conservador por dez minutos na sociedade atual, está perdido; é preciso estar sempre fazendo reformas, que é o que lhe permitirá se encontrar na posição de aproveitar as oportunidades que se apresentem".

Pressão contínua
Nesse mundo de pressão contínua, é básico, segundo Garriga, "saber reconhecer a própria responsabilidade nas trajetórias que se constroem, saber discriminar bem de que se depende para poder desenvolver-se. Quando se sabe afinar bem as próprias forças e capacidades, há menos possibilidades de frustração". E em boa medida essa perspectiva psicológica constrói muitas das visões políticas do presente. É o caso do "socialismo do século 21", como aponta Ramón Jáuregui: "Estamos ampliando os direitos, desde a agilização do divórcio até os novos casamentos, passando pelo reconhecimento dos indivíduos submetidos às oscilações do mercado, como os autônomos forçados ou dependentes. Mas isso não pode ser discutido sem levar em conta seu corolário: a ampliação da responsabilidade. A cidadania precisa ser responsável, e para isso é preciso carregá-la de deveres, deve haver prêmios e castigos. Essa é a base de uma cidadania informada, madura, capaz e responsável".

No entanto, além da configuração de propostas programáticas, não parece que a felicidade seja um assunto que possa ter incidência eleitoral. Exceto que, como indica Marcos Magaña, sócio-diretor da empresa de comunicação No Line, "se saiba traduzir aspectos próximos. É o velho problema do macro e do micro. Assim como os indicadores de um país não interessam muito às pessoas se não lhes mostrarmos que as afetam, a referência à felicidade só poderá ser útil se o eleitor perceber essas idéias como algo próximo, que afeta sua vida cotidiana". Mas com uma precaução: "É verdade que quanto mais bem-estar existe mais medidas se oferecem, que quanto mais passos dá uma sociedade mais sofisticadas são as propostas oferecidas. Mas o que as pessoas querem é que os políticos solucionem os problemas essenciais, e não costumam suportar muito bem que comecem a regular sua vida privada".

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Fonte:LAVANGUARDIA

sexta-feira, agosto 17, 2007

Um escada, por favor!


O Eterno Palanque

por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa

O Presidente Lula da Silva precisa descer do palanque, e rápido. Não sei se é por falta de escadas ou se há algum problema de locomoção, mas o dado concreto é que Sua Excelência está no palanque desde meados de 2002! É talvez um recorde histórico.

Ontem, 16 de agosto de 2007, o mundo acordou assustado com a queda das bolsas, com o tumulto nos mercados financeiros. Mal sabíamos nós que o palanque ambulante nos preparava emoções igualmente fortes. Começou em Contagem, MG, quando, entusiasmado com as próprias palavras, o presidente deu vazão ao tremendo incômodo que sente diante de doutores: fez uma breve e pífia comparação entre o programa Bolsa-Família e o programa de bolsas de pós-graduação no exterior.

De Minas, veio para o estado do Rio e, em Campos dos Goytacazes, ao inaugurar uma escola técnica, ao lado do governador do Rio, Sergio Cabral Fº, o palanque tremeu... Parte da meninada ali presente resolveu exercer seu direito e manifestou-se a plenos pulmões. Vaia sonora. Forte. Sincera.

O primeiro a reagir foi o governador. E o que fez esse jovem senhor? Vaiou os estudantes! E mais: convocou a platéia a vaiar junto com ele o ‘pequeno grupo’, segundo ele, de ‘pequenos burgueses exercendo o mau humor de barriga cheia’. Claro está que as vaias recrudesceram. O dono do palanque, querendo demonstrar sua vasta sabedoria em relação aos descontentes, pega do microfone e alerta o governador para não se incomodar com as vaias. E disse mais: que os estudantes, além de não terem a menor consciência política, ainda usam narizes de palhaço, ou de ‘palácio’, conforme o desenrolar do discurso. Todos percebemos no que aquilo ia dar e deu: maiores e melhores vaias...

Ainda restava uma oportunidade para o palanque se manifestar. Aliás, a mais gloriosa fala do dia. Em Realengo, por ocasião da inauguração da ampliação de uma unidade do Colégio Pedro II, o presidente Lula, momentaneamente esquecido que governa este país há mais de quatro anos e meio, confessou o seguinte:

“Esse povo, por mais humilde que seja, por mais que more num lugar degradado do país, ele só vira bandido e uma menina só vira prostituta porque o Estado até agora não ofereceu outro caminho para os jovens seguirem. Depois fica mais caro cuidar de um delinqüente e de uma menina grávida precocemente”.

Ele disse isso. E, nessa festa, melhor organizada por Cabral e sua turma, não houve vaias, mas uma charanga, música, aplausos, tudo para agradar ao chefe. A falta de vaias foi lastimável, mas, pelo menos, não foi necessário outro mico do governador.

Aqui no blog houve quem sugerisse, como o meu amigo Coronel, que deveríamos trocar o nariz de palhaço por um de pinóquio, quando fossemos nos reunir em volta do palanque ou mesmo em reuniões sem palanque. Discordo. Acho esse nariz de palhaço perfeito: caracteriza o que somos, nós, o povo ‘destepaíz’. Palhaços. Com lindos narizes vermelhos e livres para pensar e dizer o que quisermos, dando cambalhotas, fazendo piruetas e distribuindo tapas de mentirinha, mas estalados.

Esses somos nós. Exagero? O presidente Lula lá em cima do palanque diz o que quer, agride e ofende nossa inteligência, nos desrespeita de mil maneiras. O nariz é para ele? Não, o nariz vermelho é para nós mesmos. Povo fora do banquete, onde só entram dois brinquedos: João Bobo e Soldadinho de Chumbo.

João Bobo para quem não se lembra, é aquele boneco engraçado que balança, balança, vai quase ao chão, mas volta a ficar em pé. Ninguém o derruba. É encontrado em todo o Brasil, mas é mais numeroso em Brasília. Já os Soldadinhos de Chumbo, uniforme vermelho (cuidado: tinta tóxica), esses têm um grito em uníssono, como convém a uma tropa de recrutas bem treinada: ‘É preconceito! Querem ganhar na vaia o que não ganharam nas urnas’.

Da minha parte, não quero desrespeitar as urnas. Mas também não cansei de dizer o que penso e de pensar o que vou dizer. Portanto não canso de pedir, onde quer que vá: Vaiar é Preciso! De nariz de palhaço, sem nariz de palhaço, de cara limpa ou pintada, Vaiar é Preciso! É mesmo fundamental, se quisermos continuar a nos considerar cidadãos.

Podemos nos cansar de muitas coisas, menos de vaiar. É nosso direito, inalienável.

Vaiar é Preciso!

terça-feira, agosto 14, 2007

O Movimento dos Sem-Bolsa


"O Movimento dos Sem-Bolsa

Quem tem boca vaia Lula. A frase é lema e divisa de um bom número de inconformados. Os apupos explodiram primeiro no Maracanã, na abertura dos Jogos Pan-Americanos. O presidente estava lá. Foram reiterados na cerimônia de encerramento, da qual ele se manteve a uma prudente distância. Em São Paulo, milhares de pessoas enfrentaram o frio numa passeata, unidas pela palavra "Cansei". As 75 000 vozes do 13 de Julho, no estádio carioca, eram um protesto e uma premonição: quatro dias depois, 199 corpos assariam na pira macabra da desídia. Não sei quem se surpreendeu mais com o coro dos descontentes: o próprio Lula, acostumado aos paparicos de seus bolsistas, ou as oposições, em especial o PSDB, cujos líderes trocam bicadas para ter o discutível privilégio de ser o preferido do Estimado Líder.

Surpresa? Vaias e passeata nada têm de inexplicável. Lula obteve o segundo mandato com 58 milhões de votos – e isso significa que 66 milhões de eleitores não o escolheram. Lanço aqui uma sombra de ilegitimidade sobre o seu mandato? Não – até porque acho o voto obrigatório indecente. Relevo é o fato de que o petista está longe de ser uma unanimidade. A exemplo do que se viu no primeiro mandato, as dificuldades políticas que ele enfrenta, no entanto, são obra de seus próprios aliados e de sua administração, jamais dos adversários. E por quê? Porque o Brasil esqueceu – e esta é uma tarefa das oposições – como se faz política sem crise econômica.

Desde a redemocratização, é a tal crise, ou a ameaça dela, que pauta o debate. Ela tem sido o elemento redutor de todas as divergências e demandas. Ora, catorze anos de aposta na estabilidade, já caminhando para quinze, expulsaram esse fantasma. Em algum lugar, é certo, ele se esconde. Mas isso é verdade para qualquer país – a prosperidade perpétua é uma utopia. Ocorre que não adianta mais anunciar nem o apocalipse nem a redenção. Quem quiser tomar a cadeira do PT vai ter de redescobrir a política, que pauta os debates e divide opiniões nas outras democracias.

Antes que prossiga na trilha do primeiro parágrafo, permitam-me uma digressão. A Al Qaeda eletrônica do petismo e os colunistas que jamais dizem "Epa!" apressam-se em abraçar duas explicações distintas, mas combinadas, para os protestos: 1) partem da classe média branca e incluída; 2) são manifestações manipuladas por golpistas. Os petistas estão indecisos, como se vê, entre o arranca-rabo de classes e a teoria conspiratória. Os terroristas cibernéticos – células dormentes da esquerdopatia despertadas para defender o chefe – atuam para tirar dos ombros de Lula a responsabilidade por seu próprio governo.

Ainda que estivessem certos, pergunto: um grito de protesto da classe média é ilegítimo? É ela hoje o verdadeiro "negro" do Brasil: paga impostos abusivos; não utiliza um miserável serviço do estado, sendo obrigada a arcar com os custos de saúde, educação e segurança; tem perdido progressivamente a capacidade de consumo e de poupança; é o esteio das políticas ditas sociais do governo, e, por que não lembrar?, ninguém a protege: estado, ONG, igrejas, nada... Está entregue a si mesma: nas escolas, nas ruas, nos campos, nos aeroportos. Pior: está proibida até de velar os seus mortos. Quando um classe-média morre de bala perdida ou assado num avião, o protesto é logo abafado pela tese delinqüente de algum cientista social ou jornalista que acusa a gritaria dos incluídos. Lula foi vaiado no Maracanã porque era o nhonhô na senzala dos escravos do seu regime.

Começo aqui a juntar o fio da minha digressão com aquele que está lá no início do texto. É possível, sim, que houvesse no Maracanã e nas ruas de São Paulo uma maioria de pessoas da classe média. São os espoliados do regime lulista, mas também homens livres porque não dependentes da caridade estatal, da papa servida na senzala ou na casa-grande. Eu lhes apresento o MSB: o Movimento dos Sem-Bolsa. Não são nem os peixes grandes, que se alimentam da Bolsa-BNDES, nem os peixes pequenos, que vivem do Bolsa Família. A classe média, coitadinha, se financia é nos bancos mesmo, sem taxa camarada.

Corajosa, sem líder, sozinha, sem tucano, vaiou no Rio, vaiou em São Paulo, quer vaiar no Brasil inteiro. Os oposicionistas estão se fazendo de surdos. Se é para levar alguns espertalhões para o Conselho de Ética, deixam a tarefa para o PSOL. O governo debate a ampliação do aborto legal e chega a adotar um método abortivo, contra a Constituição? Eles ignoram. Lula veta uma emenda da Super-Receita e pode provocar um desastre nas microempresas de serviços? Quatro milhões de pessoas ficam ao relento, sem apoio. Um grupinho de aloprados resolve recriar a censura prévia no país? Não se ouve uma voz graduada em sinal de protesto. A crise nos aeroportos mata? A reação é não mais do que burocrática. Debate-se a possibilidade de as Forças Armadas agirem no combate ao crime, em vez de ficar internadas, engraxando baionetas enferrujadas? Os líderes da oposição, especialmente tucanos, nada têm a dizer. O país cobra a maioridade penal aos 16 anos? Eles esperam passar o clamor.

O austríaco Sigmund Freud (1856-1939), pai da psicanálise, perguntou, certa feita, sem chegar a uma resposta definitiva: "Mas, afinal, o que querem as mulheres?". Serei o barbudo de charuto do PSDB e do DEM: "Mas, afinal, o que querem as oposições?". Admito que elas não formem um grupo homogêneo, o que as impede, sei bem, de desejar uma única coisa. Se as mulheres vistas por Freud demonstravam uma inquietude sem alvo ou ainda sem objeto definido (ao menos para ele), as oposições padecem é de excessiva quietude e condescendência com o lulismo. E gostam de se comportar como a mulher do padre: deixam que o petista defina a sua identidade e só exercem o papel que Lula lhes outorga.

Assim, vai-se fazendo uma política que se manifesta como negação da política: líderes oposicionistas, especialmente os governadores, estão sempre ocupados em negar que tal ou qual ação seja contra o governo federal – como se fosse um ato criminoso opor-se a ele. Cria-se uma cisão, que é pura especulação teórica, sem base empírica, entre "administrar" e "fazer política". E qual é o marcador dessa falsa disjunção? A economia. Como não se vislumbra a possibilidade de uma crise nos três ou quatro anos vindouros, os oposicionistas, sobretudo tucanos, parecem ambicionar apresentar-se como a resposta necessária para os desafios do pós-Lula – mas de braços dados com o lulismo.

Há nessa pretensão uma formidável ilusão, que consiste em supor que se possa ter um lulismo sem Lula; que se possa apenas dar mais eficiência à economia, mas preservando os fundamentos do estado patrão, assistencialista, gigante e reparador. As oposições refugam todas as chances que apareceram de ter uma agenda própria e de falar àquela gente do Maracanã e dos aeroportos. Gente capaz de, resistindo à gigantesca máquina oficial de culto à personalidade, vaiar Lula. Os que deveriam liderar a resistência tornam-se caudatários e até propagandistas do assistencialismo, tentando emular com aquele que deveria ser o seu antípoda. E eu lhes digo: inexiste um lulismo virtuoso, universitário, de barba feita e gramática no lugar. Inexiste o lulismo sem Lula.

Sim, a vaia do Maracanã era um protesto e uma premonição; expressava um juízo sobre o passado e traduzia uma expectativa, macabramente cumprida. O Maracanã e o movimento "Cansei" não são o Brasil, sei bem. Mas são bastante representativos da parcela que não tem nem Bolsa Família nem Bolsa BNDES. Um Brasil que, pasmem!, é a imensa maioria. Falta que se tenha essa clareza. A crise política que aí está é uma crise de liderança das oposições. Ou alguém se apresenta ou já pode ir-se preparando para entrar também na fila da vaia."


Por Reinaldo Azevedo - Artigo da Revista Veja

Deslumbrante!

sexta-feira, agosto 10, 2007



Por Ricardo Noblat

Os alagoanos agradecem, segundo Teresa

Que gracinha, Renan.

Disse há pouco em discurso no Senado que a VEJA o persegue porque ele denunciou uma operação supostamente irregular da Editora Abril de venda a grupo estrangeiro de sua participação em tv a cabo.

Ora, Renan jamais denunciou operação alguma - salvo depois de ter sido alvo de reportagens da VEJA. E ainda diz que somente agora se deu conta de que está sendo retaliado.

Que cara de pau! Escreve e reescreve a história com a maior desfaçatez.

Tudo bem, não é o único.

Renan revelou que recebeu de Teresa Collor, cunhada do ex-presidente Fernando Collor, correspondência onde ela nega que seja autora de uma carta que circula na internet com duras críticas dirigidas a ele.

De fato, a carta não é de Teresa. Aliás, qualquer pessoa que a leia será capaz de entender que não se trata de uma carta - mas de um artigo.

O artigo foi escrito pelo jornalista Mendonça Neto e publicado no jornal alagoano "Extra".

O que não disse Renan: que Teresa enviou o artigo por e-mail para vários amigos dela - daí a confusão em torno da autoria do texto. E que ao fazê-lo, Teresa escreveu à guiza de introdução:

- Peço por favor que divulguem esta carta para ver se o Senado toma vergonha na cara. Os alagoanos agradecem.

Em tempo: duvido que Teresa tenha escrito a Renan, como ele disse. Há 15 dias, Renan esteve em Maceió e usou a emissora de rádio dele para desancar o pai de Teresa, o usineiro João Lyra. Chamou-o de ladrão e de mal amado pelas mulheres.

Agora eu:


...é isso, esse país é mesmo uma grande favela e nela não faltam futricas e futriqueiros.

Um suspeitissimo senador da república se dá ao luxo de ir ao seu Estado, irradiar aos seus "desafetos"! A filha viuvinha do desafeto "embala" a rede com pedido para disseminação de mensagem para que o senador "tome vergonha na cara"...quanta engenuidade... quanta mediocridade! Mediocridade de ambos os lados.

Após, sentam-se cada um em sua varanda, tomam seus maravilhosos wiskys e ao fim, dormem o sono dos justos.

Eu tenho até vontade de dizer outra coisa, mas me limitarei a apenas: "Trabalhar, que é bom, nada, não é?"

Se ao menos um deles tivesse "vergonha na cara", esse não estaria aqui mencionado.

Tantos abrutres, mas em um grande país, cheio de povo, como o nosso, há muita carniça à ser devorada.

Vamos lá povo! Enfrentemos o nosso cruel destino - e por favor: psiu! Não vamos incomodar Lula ou o PT, hoje, entes sagrados, assim como as "vacas" o são na Índia.

Façam parte, e nunca abram mão de que a revista "Veja" esteja presente a atuante em nossas "bancas"!

Bom dia!

Eu Gênio? Nem tanto.


O “Cansei”, o “Fora Lula” e os erros de Jô Soares

Por Reinaldo Azevedo.

O “Cansei”, o “Fora Lula” e os erros de Jô Soares
Eu não tinha assistido ao programa de Jô Soares no fim da noite de ontem e início desta madrugada. Como chegaram muitos protestos de leitores criticando uma fala de Jô e uma performance do músico Derico, entrei no site do programa para saber, afinal, o que tinha acontecido. Quem quiser saber o motivo de tanta indignação pode clicar aqui. Basicamente, o apresentador passa um sabão no Movimento Cansei, trata-o de forma entre agressiva (“de um ridículo total”) e jocosa: “Cansei, cansei”, diz ele, supostamente imitando, de forma afetada, quem protesta.

Bem, vamos ver. Quando fala a sério, Jô Soares, entendo, confunde, o direito democrático de protestar com ameaça de golpe de estado, reproduzindo a acusação fácil do PT. Segundo Jô, as pessoas “não têm o direito de sair às ruas gritando ‘Fora Lula’”. E foi adiante: “Como fora? Quer trocar? Troca nas urnas”. Para ele, essas pessoas “não têm a menor noção do que é democracia” e “não podem sair à rua gritando isso”.

Em seguida, ele anuncia “Cauby Peixoto”. Entra, então, o músico Derico, com jeito meio afrescalhado — a imitação não chega a ser elegante — e canta uma paródia da música Bastidores, de Chico Buarque. A letra é esta:

Cansei, cansei,
A passeata não tem fim.
Eu me arrumei no meu jardim,Tomei um calmante, um excitante e um licor de jasmim.
Cantei, cantei,
Às oito e meia da manhã.
Meu tênis Prada eu calcei
E depois andei, desfilei, desfilei, caminhei...
Sentei, sentei,
Pra descansar de andar assim.
E num momento eu entendei
Que eu não recebi (sic) [SERIA PERCEBI?]
Por que eu estava aqui.Não me toquei que eu não devia mais gritar
Que o certo era eu esperar
A hora de votar, de votar, de votar...
Chorei, chorei,
Até ficar com dó de mim...

Falo já da letra. E também vou explicar por que humor a favor, como esse, infelizmente, não tem a menor graça. Quem investigar um pouco a história vai saber que humor a favor é coisa de bobo da corte. Antes que analise o espírito que animou a paródia, quero voltar à fala de Jô Soares.

Precedendo a crítica, ele fez um pequeno relato, segundo o qual muita gente o acusa e a seu programa de só criticar o governo. Ele confessou duas coisas:
1 – está sendo patrulhado;
2 – ele cedeu à patrulha.
Segundo o apresentador, sua produção convida freqüentemente representantes do governo para ir ao programa, mas eles declinam. E aí cita três pessoas, que classifica de “acima de qualquer suspeita”, que já aceitaram o convite: os ministros Fernando Haddad (Educação), José Gomes Temporão (Saúde) e Tarso Genro (Justiça). Seus elogios são dirigidos especialmente a este último.

Pois é, caro Jô. A história e suas ironias, não é mesmo? Um dos chefes da campanha “Fora FHC” foi ninguém menos do que o “acima de qualquer suspeita Tarso Genro”. A este você dispensa elogios; aos que gritam “Fora Lula”, o mau humor e o sarcasmo. Do que estou falando? No dia 19 de janeiro de 1999, passados, pois, 19 dias do início do segundo mandato de FHC, Tarso escreveu um artigo na Folha pregando a renúncia de FHC e a convocação de eleições gerais. No programa, Jô disse conhecer Tarso “há muito tempo, desde quando ele era prefeito de Porto Alegre”. Então deve se lembrar do artigo.

Tarso se arrependeu? Não, não. Continuava amigo de Jô quando, no dia 16 de maio do mesmo ano, reiterou o ponto de vista, justificando, quatro meses depois, em novo texto, o pedido de renúncia. O PT, com efeito, não acatou como lema oficial o “Fora FHC”, mas virou a sua palavra de ordem informal, dentro daquela ambigüidade que tão bem caracteriza o partido. E, no entanto, não se viu nenhuma indignação como aquela expressa por Jô Soares e por outros tantos. O PT e a CUT ocupavam com seus militantes a Esplanada dos Ministérios: “Fora FHC”. Jô era contra? Disse que era? Indagou Tarso a respeito quando este foi a seu programa? Já estive com o agora ministro depois disso em entrevista. Ele não se arrepende,

Equívocos
À diferença do que faz o apresentador com os que protestam, eu jamais direi o que ele “pode” e “não pode” falar. Eu escrevo o que bem entendo. Ele que faça o mesmo. É do jogo. Mas me reservo o dever de apontar as inverdades factuais e a fragilidade conceitual de seu discurso. Primeiro ao que é resoluta e absolutamente falso: a passeata “Fora Lula” nada tem a ver com o Movimento Cansei: trata-se de manifestações distintas. Um dos protestos conta com incentivadores conhecidos — entre eles, o empresário João Dória Jr. —; o outro, o que até agora reuniu mais gente, foi uma manifestação nascida de uma comunidade na Internet.

Jô quer saber o que eles pensam? Revelarei em outro post.

Ainda que Jô Soares queira equiparar os dois “Foras”, eles são distintos. Tarso Genro era um medalhão do principal partido de oposição — a oposição de agora não endossou os protestos. Ao contrário até: em uma das passeatas, alguém abriu uma bandeira do PSDB e foi obrigado, sob vaias, a enrolá-la. Os manifestantes estão, e com razão, um pouco “cansados” da política tradicional também. Ora, de que instrumentos dispõem os que protestam para depor Lula?

Ao misturar os dois movimentos, Jô Soares transferiu para uma passeata (ou passeatas) espontânea as suas restrições ao Movimento Cansei — embora estas, também, sejam discriminatórias e injustas. Jô não é ingênuo — é “Eugênio”. Todos os governantes do mundo, em algum momento, ouvem na rua o “fora” — como Bush já ouviu nos EUA. E isso não quer dizer que se esteja defendendo golpe do Estado. Não. O movimento nada tem de “ridículo”. São pessoas exercendo o seu direito de protestar. Fosse outro o governante, não Lula, e não haveria essa gritaria toda contra a manifestação.

Humor a favor
Jean de Santeuil (1630-1697) criou uma divisa para o busto de Arlequim, tornada depois um lema da comédia: “Castigat ridendo mores”. Ou “Rindo, moralizam-se os costumes” — o “castigare” também pode ser “castigar” mesmo, dando a entender que o humor é um instrumento poderoso de crítica social. A graça da comédia, convenham, está em atacar o statu quo. Se o humorista ou satirista elege como alvo os que se opõem ao poder dominante, sua crítica é só uma fração do discurso do poder. Infelizmente, é o caso da música de Derico. Trata-se de um conjunto de manifestações de má consciência.

A letra parte do princípio, como já disse, de que todos os que protestam contra Lula usam “tênis Prada” e são movidos pelo tédio enfatuado dos ricos. É mentira. Já lhes disse que grupos distintos estão sendo metidos no mesmo saco de gatos pardos. Esse é o primeiro erro. O outro é tentar cassar, ainda que dos chamados “ricos”, o direito de protestar. A indagação vai a Jô Soares, indagação apenas retórica, claro: por que a turma do “Cansei” não pode ir às ruas? Quem lhes cassou o direito político? Para poder fazer política, é preciso ter que salário, que condição social, que credenciais de sofrimento, que pedigree ideológico?

Jô Soares deve ter um dos maiores salários da TV brasileira — salário justo, claro, ou a Globo não pagaria, certo? Ele deve render o quanto lhe pagam, ou mais. A sua presença na mídia mais a sua competência de múltiplos talentos lhe garantem papel de destaque também no teatro, na literatura de entretenimento e, como se vê, na política. Se Jô se dá o direito de cassar da, vá lá, “turma de João Dória” a licença para fazer política, quem é que valida a licença do próprio Jô? Convenham: ele só não usa Prada se não quiser. Talvez o seu “bom-gostismo” o leve a escolher outras marcas, ainda mais caras e exclusivas. Por que ele acha que pode demonizar e ridicularizar o “Cansei” e o “Fora Lula”, mas ambos não podem protestar contra o presidente?

Eu respondo. Porque Jô faz parte dos milionários brasileiros que se consideram de esquerda. E, no Brasil, se você é esquerdista, tudo lhe é, então, permitido, seja você rico ou pobre. Raramente vejo o seu programa — no horário, costumo estar ocupado com o meu blog. Mas os leitores me mandam trechos de falas deste ou daquele. Os programas feitos com quatro jornalistas — as “Meninas do Jô” — têm sido, parece, bastantes críticos ao poder. Jô deve achar que as suas reservas a Lula são mais justas do que a de outros ricos. Afinal, ele tem boa consciência, ele é “do bem”. Mais: ele deve se considerar também “de esquerda”. A crítica, em suma, só é legítima se você for um deles.

Entendo: vivemos um momento da política em que a verdade é uma questão de disputa entre grupos influentes. Os princípios foram todos para o diabo. Criticado — e ele o confessou — pelos petistas por conta de seu suposto (e falso) antigovernismo, Jô decidiu entregar aos leões os que têm a grande ousadia de gritar, dentro das regras da democracia, “Fora Lula”. E, assim, em tese, ele equilibra o jogo e demonstra a sua isenção. Acabou demonizando gente que não tem como se defender para administrar a própria reputação. Não é uma coisa bonita de se fazer. O programa é dele. Não tenho nada com isso. Em vez de dar pito em quem protesta, não seria mais interessante saber quem são esses garotos que conseguem organizar um ato público via Internet? Isso é o novo. O discurso de Jô é velho.

Finalmente, não custa observar: quem, de fato, veste Prada, Jô, tem mais razões para aplaudir Lula do que para vaiá-lo. E você não precisa acreditar em mim. Acredite no balanço do Bradesco. Acredite no Balanço do Itaú. Acredite em Lula — segundo quem os ricos nunca ganharam tanto dinheiro no Brasil como agora. Taí uma das poucas verdades que ele disse desde que assumiu a Presidência.

Ah, sim: estou aqui de bermuda, camiseta e descalço. E tramando contra o Planalto. Meu prédio fica praticamente encostado ao de Jô. Como eu, ele também fica acordado de madrugada. Caso você ouça um "Fora Lula" às 3 da madruga, Jô, sou eu tentando dar um golpe de estado sozinho


quinta-feira, agosto 09, 2007

Memória



Março 2003
* A cadela de Lula Michele usa carro oficial com motorista.

Abril 2003
* Programa Fome Zero gastou R$ 42 milhões apenas em despesas com viagens, estudos e logística.

Junho 2003
* José Dirceu utiliza avião da FAB para campanha política em Cruzeiro do Oeste.

Julho 2003
* Escândalo do DNIT no favorecimento da empreiteira Queiroz Galvão, envolvendo o ministro dos Transportes Anderson Adauto e Sérgio Pimentel.

Agosto 2003
* Licitação para a compra de "gêneros básicos":
- 600kg de bombom Sonho de Valsa;
- 2.000 vidros de pimenta envelhecida em barril de carvalho
- 7.000 pacotes de biscoito recheado; entre outros.

Setembro 2003
* Ministra Benedita da Silva viaja à Argentina para um evento religioso com dinheiro público.

Outubro 2003
* Governo confirma que Lula gastou o dobro de FHC com viagens e diárias.

Novembro 2003
* "Operação Gafanhoto" da Polícia Federal pega o governador do PT em Roraima, Flamarion Portela.

* Presidência da República abre várias licitações para a compra de artigos de luxo, como:
- roupões de banho com fios de algodão egípcio,
- 160 jogos americanos coloridos,
- ampliação da churrasqueira da Granja do Torto a um custo de R$ 92 mil,
- equipamentos de mergulho.

Dezembro 2003
* PT expulsa os deputados Babá, João Fontes, Luciana Genro e a senadora Heloisa Helena, por falarem a verdade sobre a postura incoerente do partido.

* Norospar (Associação Beneficente de Saúde do Noroeste do Paraná), dirigida por um amigo do ministro José Dirceu, recebe R$ 1 milhão em verbas de emendas parlamentares. A entidade foi criada três meses antes.

Janeiro 2004
* Governo brasileiro anuncia que gastará 57 milhões de dólares na compra do novo avião para o presidente Lula.

Fevereiro 2004
* Explode o escândalo dos bingos. Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil José Dirceu, extorque empresários para arrecadar fundos para o PT.

Março 2004
* Governo barra CPI de Santo André, para investigar a morte do ex-prefeito Celso Daniel e a morte de mais 6 testemunhas no caso.

Abril 2004
* Uma estrela gigante do PT é colocada nos jardins do Palácio da Alvorada, total desrespeito e falta de ética.

Maio 2004
* Promotores movem ação contra ONG Agora, que assinou contratos irregulares com o Ministério do Trabalho. A entidade comandada por Mauro Dutra, amigo do peito de Lula, é acusada de desviar recursos por meio de notas frias.

* Publicação de reportagem no jornal The New York Times sobre problemas do presidente Lula com bebida. O Planalto decide expulsar do país o jornalista americano Larry Rother, mas recua após a péssima repercussão do episódio.

* Planalto faz licitação para a compra de 750 copos de cristal para vinho, champagne, licor e whisky. Festinha com dinheiro público.

Julho 2004
* O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, é acusado de evasão de divisas. Ganhou do presidente da república fórum privilegiado para responder a ilícitos penais passando a ter status de "ministro de estado".

* O presidente do Banco do Brasil, Cássio Caseb, é envolvido no escândalo da compra de 70 mesas para o show da dupla sertaneja "Zezé Di Camargo e Luciano", a um custo de R$ 70 mil. No show, foram arrecadados R$ 500 mil, sendo que R$ 250 mil acabaram doados ao PT em prol da construção da nova sede do partido nos Jardins (São Paulo).

* Lula perdoa dívida de US$ 52 milhões que a Bolívia tinha com Brasil e anunciou a abertura de uma linha de crédito do BNDES à Bolívia construir uma rodovia entre Puerto Suarez e Santa Cruz de La Sierra. Enquanto isso as estradas do Brasil continuam abandonadas.

Agosto 2004
* Lula vai ao Gabão aprender com o ditador Omar Bongo "como ficar 37 Anos no poder". O petista desfilou em carro aberto ao lado de Bongo. Lula ainda perdoou a divida do Gabão com o Brasil no valor 36 milhões de dólares.

* Lula perdoa a divida do Cabo Verde com o Brasil no valor 2,7 milhões de dólares.
Setembro 2004
* Polícia Federal executa a "Operação Vampiro" no Ministério da Saúde prendendo quadrilha que desviava recursos destinados à compra de remédios e derivados do sangue. Os "cabeças" da falcatrua eram funcionários nomeados por Humberto Costa.

* O escândalo da compra do PTB. Para ter o apoio, o PT ofereceu cargos e R$ 150 mil a cada deputado do PTB. O não cumprimento da promessa teria provocado o rompimento entre os dois partidos, o que culminou com a série de denúncias de corrupção em 2005.

* Lula anunciou o perdão de 95% da dívida pública de Moçambique com o Brasil. O valor total é de US$ 331 milhões, dos quais o Brasil perdoou US$ 315 milhões.

Outubro 2004
* Publicitário Duda Mendonça é preso numa rinha de galos no Rio de Janeiro.

* Justiça condena Lula a pagar multa de R$ 50 mil por pedir votos para Marta Suplicy em evento oficial.

Novembro 2004
* O Planalto torra R$ 125 milhões no cartão de crédito corporativo em 2003 e R$ 53 milhões até agosto de 2004, apenas em despesas de pequeno porte.

Janeiro 2005
*Chega ao Brasil o novo avião presidencial que custou 57 milhões de dólares. Comprado sem licitação, o avião custou aos cofres públicos o equivalente a 154 milhões de reais. O chamado "Aerolula" possui decoração de luxo digna de um palácio voador. Capacidade para 40 passageiros e 12 tripulantes, suítes presidenciais, sala de reunião, TV com tela plana, DVD, poltronas executivas, três copas, Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sistema de comunicação por satélite, sistema de defesa militar contra ataque de mísseis.

Abril 2005
* Lula diz que juro alto é pago por comodismo das pessoas que "não levantam o traseiro" da cadeira para buscar um banco mais barato.

Maio 2005
* Escândalo dos Correios. Maurício Marinho funcionário indicado do PT nos Correios é flagrado explicando a dois empresários como funcionava o esquema de pagamentos de propina para fraudar licitações e embolsando a quantia de R$ 3 mil para realizar uma fraude.

* Amazônia tem o segundo maior desmatamento da história. O esquema do PT no Pará descoberto no mês seguinte explica.

Junho 2005
* O governo libera R$ 400 mil na forma de emendas ao orçamento, como moeda de troca para o Legislativo não fazer nenhuma investigação sobre o caso.

* Escândalo do Mensalão. Roberto Jefferson denuncia que Delúbio Soares, tesoureiro do PT pagava uma mensalidade de R$ 30 mil a alguns deputados, para que eles votassem a favor do bloco governista.

* Denunciado o esquema do plano Safra Legal. Filiados e parlamentares petistas ligados ao Ibama facilitavam a extração ilegal no Pará em troca de doações de madeireiros para campanhas de candidatos do PT. O chefe do esquema, Marcílio Monteiro foi indicado em 2003 para o cargo pela senadora Ana Júlia Carepa (PT), com quem foi casado. Parte da propina era depositada nas contas bancárias de Maria Joana da Rocha Pessoa, assessora da senadora Ana Júlia. Em 2004, houve um total de depósitos de mais de 2 milhões de reais nas contas dela, a maior parte feita em dinheiro vivo e em datas próximas de pleitos eleitorais. Os caminhões das empresas que compravam as licenças usavam um adesivo com a inscrição: "oPTante do Plano Safra Legal" - com as letra "P" e "T" destacadas para que os veículos fossem dispensados da fiscalização.

* Instaurada a CPMI dos Correios.

* José Dirceu envolto nas denúncias renuncia ao Ministério da Casa Civil.

* Roberto Jefferson (PTB-RJ) depõe para a CPMI dos Correios com o olho esquerdo roxo. Ele denuncia a nomeação de cargos do PT nos fundos de pensão.

Julho 2005
* Documento liga Marcos Valério ao PT: empréstimo bancário de R$ 2,4 milhões em que Valério é avalista (e chega a pagar do bolso a primeira parcela de R$ 300 mil). O documento estava assinado por Delúbio e pelo presidente do PT, José Genoíno.

* Silvio Pereira, o Silvinho, afasta-se do cargo de secretário-geral do PT, face às acusações de Roberto Jefferson de que era o "gerente do mensalão".

* Delúbio Soares licencia-se do cargo de tesoureiro do PT.

* Revelado um empréstimo de R$ 20 milhões do Banco do Brasil (BB) ao PT, sem que o contrato tivesse avalistas ou garantias. A "facilidade" de acesso ao crédito do BB pelo PT seria em troca de indicação por membros do PT a diretoria do banco.

* José Adalberto Vieira da Silva, assessor de José Nobre Guimarães (que, por sua vez, é irmão de José Genoíno) é preso pela Polícia Federal, no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos/SP, com R$ 200 mil reais em dinheiro numa mala e US$ 100 mil na CUECA.

* José Genoíno pede demissão da presidência do PT e José Adalberto perde o cargo de assessor.

* Luiz Gushiken perde o status de ministro, titular da Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica (Secom) com suspeita de relações espúrias com clientes de fundos de pensão sob seu comando.

* Revelações: VEJA mostra que a Gamecorp, empresa de Fábio Luis da Silva, filho de Lula, recebeu 5,2 milhões de reais da Telemar. Lulinha, formado em biologia, até 2003 dava aulas de inglês e informática e vivia de subempregos. Em dezembro de 2003, essa situação mudou. Melhor que tudo: Fábio não teve de investir um único real. O negócio foi bancado quase que integralmente pela Telemar, a maior companhia de telefonia do país. No fim de 2003, Fábio Luís abriu em São Paulo a G4 Entretenimento e Tecnologia Digital. O que se viu a partir da criação da G4 foi uma surpreendente ascensão. Ao contrário do que se poderia esperar no caso de uma empresa recentemente constituída e desconhecida no mercado, a receptividade aos papéis da Gamecorp foi mais do que boa: foi sensacional. No dia 6 de janeiro, elas foram adquiridas pela Telemar. No dia 31 do mesmo mês tornou-se sócia da empresa do filho de Lula. A Telemar é uma companhia de mercado, mas tem dinheiro público na composição de seu capital. É em parte uma empresa pública, pois 55% de suas ações pertencem ao Banco do Brasil, ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a fundos de pensão de estatais. A Telemar é uma empresa concessionária de serviços públicos que dependem de concessão do governo federal. Nessa condição não pode ter relações comerciais com o filho do presidente.

* Durante a entrevista Lula afirma "O que o PT fez no ponto de vista eleitoral o que é feito no Brasil sistematicamente por outros partidos", em uma clara demonstração que caixa dois é NORMAL.

* Silvio Pereira depõe na CPI dos Correios, nega-se a esclarecer a acusação de que teria ganhado uma Land Rover, paga a vista por José Paulo, funcionário da GDK. A empresa ganhou em 2004 um contrato de R$ 90 milhões junto à Petrobrás. Silvio Pereira, cujo salário como funcionário do PT é de R$ 9 mil, tem renda incompatível com seu patrimônio, que inclui uma casa e uma cobertura em São Paulo, além de uma mansão em Ilha Bela.

* Instaurada a CPMI da Compra de Votos (ou CPI do mensalão).

* Ex-mulher do deputado federal Valdemar Costa Neto (PL-SP) denuncia que o PT recebeu doação de 2 milhões de dólares de empresários de Taiwan e que Valdemar ficou com 20%.

* Lula declara que "está para nascer alguém que venha querer discutir ética" com ele.

* Silvio Pereira admite que aceitou presente de um empresário com interesses em licitações e pede sua desfiliação do PT.

Agosto 2005
* Renúncia do deputado federal Valdemar Costa Neto, presidente do PL.

* Roberto Jefferson denuncia que emissários do PT e do PTB foram a Portugal pedir dinheiro a Portugal Telecom, que seria usado para saldar as dívidas dos dois partidos.

* Deputado Paulo Pimenta do PT frauda lista com nomes de supostos beneficiados de Marcos Valério. Desmoralizado renuncia ao cargo de relator da CPI do Mensalão.

* Duda Mendonça depõe na CPMI dos Correios e afirma ter aberto conta num paraíso fiscal para receber o pagamento pelo seus serviços prestados ao PT nas campanhas de 2002 e 2004. O pagamento teria sido feito com dinheiro de Caixa Dois.

* Ex-deputado Valdemar Costa Neto diz que Lula e José Alencar sabiam sobre a doação de R$ 10 milhões do PT para o PL para formar uma aliança na eleição presidencial de 2002. A Presidência da República admitiu a negociação e afirmou que foi uma negociação pública normal, sem nenhuma irregularidade.

* O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em pronunciamento transmitido em cadeia de televisão diz: "O PT tem que pedir desculpas. O governo, onde errou, tem que pedir desculpas...". Sem citar nomes ele diz: "Eu me sinto traído".

* Advogado Rogério Buratti é preso em Ribeirão Preto acusado de lavagem de dinheiro. Ele trabalhou como secretário municipal de Ribeirão Preto, na gestão do então prefeito Antonio Palocci.

* Escândalo do Lixo em Ribeirão. Buratti revela suposto esquema de recebimento de dinheiro "por fora" de diversas prefeituras do PT no interior de Minas Gerais e São Paulo. Acusa o Ministro da Fazenda Antonio Palocci de ter recebido 50 mil reais de empresas de coleta de lixo.

* Polícia Federal prende Francisco Antonio Cadenas Collazzos, representante das FARC (Colômbia). Ele participou em março de uma festa em Brasília com integrantes do PT. Segundo relatórios da Abin, Collazzos doou 5 milhões de dólares para a campanha de Lula, em 2002.

* Lula fala que seguirá o exemplo do ex-presidente Juscelino Kubitschek.

Setembro 2005
CPIs dos Correios e do Mensalão aprovam relatório que sugere a cassação de 18 parlamentares envolvidos no escândalo.
São eles:
- Carlos Rodrigues (PL-RJ),
- João Magno (PT-MG),
- João Paulo Cunha (PT-SP),
- José Borba (PMDB-PR),
- José Dirceu (PT-SP),
- José Janene (PP-PR),
- José Mentor (PT-SP),
- Josias Gomes (PT-BA),
- Paulo Rocha (PT-PA),
- Pedro Correia (PP-PE),
- Pedro Henry (PP-MT),
- Professor Luizinho (PT-SP),
- Roberto Brant (PFL-MG),
- Roberto Jefferson (PTB-RJ),
- Romeu Queiroz (PTB-MG),
- Sandro Mabel (PL-GO),
- Valdemar Costa Neto (PL-SP) que já havia renunciado um mês antes
- Vadão Gomes (PP-SP),
- Wanderval Santos (PL-SP).

* Lula condecora Severino Cavalcanti, presidente da Câmara dos Deputados, com a medalha da Ordem do Rio Branco.

* Escândalo do Mensalinho.Esquema de extorsão praticado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti, contra o dono de um restaurante do Congresso.

* João Francisco Daniel, irmão do ex-prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel, em depoimento para a CPI dos Bingos, conta que o chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, sabia sobre o suposto esquema de corrupção na Prefeitura administrada por seu irmão.

* Deputado Bispo Rodrigues (PL-RJ), um dos 18 que poderiam sofrer processo de cassação, renuncia ao mandato.

* Câmara dos Deputados cassa o mandato do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).

* O doleiro Toninho da Barcelona depõe para a CPMI dos Correios, do Mensalão e Bingos, numa reunião conjunta. Condenado pela Justiça por crimes contra o mercado financeiro, Barcelona, descreve para as CPIs as operações de lavagem de dinheiro para o PT.

* Severino Cavalcanti renuncia.

* A presidente do Banco Rural, Kátia Rabello, durante depoimento no Conselho de Ética alega que "o Banco Rural foi usado" por Marcos Valério. Kátia conta que Valério agendava encontros entre a direção do banco e o Ministro José Dirceu.

* Lula recebe o Presidente da Venezuela Hugo Chávez para assinatura de acordos entre a Petrobrás e PDVSA. Durante a solenidade Lula diz que "a Venezuela tem democracia em excesso".

Outubro de 2005
* Silvio Pereira em entrevista diz que ele e outros integrantes da Executiva Nacional do PT sabiam sobre o dinheiro ilegal ("caixa dois") usado pelo partido.

* Lula reclama de URUCUBACA por parte de "quem torce contra o governo".

* Morre a sétima testemunha do caso Celso Daniel. Carlos Delmonte Printes, 55 anos, médico-legista que examinou o corpo do prefeito de Santo André.

* Conselho de Ética do PT finalmente expulsa Delúbio Soares do partido, cinco meses depois de Roberto Jefferson fazer as primeiras denúncias do mensalão.

* O juiz afastado João Carlos da Rocha Mattos declara para a CPI dos Bingos que o chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, não teve interesse na apuração do assassinato de Celso Daniel e que Gilberto Carvalho "é a chave para elucidar a morte de Celso Daniel".

* Escândalo das caixas de Cuba. Revista Veja traz uma matéria de capa afirmando que a campanha de Lula à Presidência, em 2002, foi financiada com dinheiro vindo de Cuba. O dinheiro foi transportado escondido em caixas de bebida e entregue ao então tesoureiro Delúbio Soares.

* Referendo sobre o comércio de armas de fogo e munição: "Não" venceu referendo com 63,94% dos votos, ou seja, foram contra a proibição do comércio de armas de fogo e munição no País. O "não" conseguiu capitalizar uma insatisfação quanto à obrigatoriedade do próprio referendo, um protesto em relação ao governo e à segurança pública, a tentativa de desviar o foco das atenções da corrupção e a insignificância da questão em meio a outras mais importantes. Além disso, o desarmamento da população é historicamente um dos pilares do totalitarismo. Hitler, Stalin, Mussolini, Fidel Castro e Mão Tse-Tung estão entre os que proibiram o povo de possuir armas.

Novembro 2005
* Anunciado relatório parcial das atividades da CPI. Cerca de 10 milhões de reais foram desviados do Banco do Brasil através da Visanet para as contas do empresário Marcos Valério, que por sua vez, repassou essa quantia para o PT. O chamado VALERIODUTO.

* O piloto Alécio Fongaro confirma que no dia 31 de Julho de 2002 levou em avião, Vladimir Poleto e mais três caixas de papelão lacradas, numa viagem de Brasília até Campinas. A rota do avião é confirmada pelo DAC. O avião teria transportado as caixas de bebidas com dinheiro ao PT.

* Poleto confirma que transportou 3 caixas de bebida de Brasília a Campinas, porém nega o transporte de dinheiro.

* Lula concede entrevista para o Roda Viva da TV Cultura e declara que o mensalão nunca existiu e que é "folclore do Congresso Nacional" e defende o ex-ministro José Dirceu e os acusados do mensalão.

* A assessoria de imprensa da Presidência da República admite que Lula assistiu ao filme Dois Filhos de Francisco num DVD PIRATA.

* O governo promete liberar até R$ 1,2 bilhão em verbas para deputados e senadores que resolverem retirar suas assinaturas do requerimento que pede a prorrogação da CPI.

* Chega ao fim a CPI do Mensalão, sem ter sido aprovado o seu relatório final. Os parlamentares não conseguiram obter votos para a prorrogação dos trabalhos. A manobra do governo surtiu efeito.

* Paulo Okamoto, presidente nacional do Sebrae, explica de forma pouco convincente para a CPI dos Bingos como pagou uma dívida do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

* O deputado João Paulo Cunha (PT-SP) declara para o Conselho de Ética que sacou R$ 50 mil da conta da agência de publicidade SMPB, do empresário Marcos Valério.

* Lula elogia o Ministro da Fazenda Antonio Palocci e compara-o ao Ronaldinho Gaúcho. Lula afirma que a morte do prefeito Celso Daniel foi um acidente e um crime comum.

* José Dirceu leva dois golpes de BENGALA na cabeça dentro da Câmara dos Deputados.

Dezembro 2005
* José Dirceu finalmente é cassado com 293 a favor da cassação e 192 contra, as 00h03min dia 1º de dezembro, depois de várias manobras judiciais para tentar escapar do processo.

* Tribunal Superior Eleitoral condena Lula a pagar uma multa no valor de R$ 30 mil por ter divulgado propaganda eleitoral antecipada.

sexta-feira, agosto 03, 2007

Eterno Palanque

  • Por Lucia Hippolito

    Quando Lula foi eleito presidente em 2002, ninguém esperava que ele fosse um grande administrador, com larga experiência no trato da coisa pública.Lula não foi eleito como gerente, nem como síndico ou gestor. Foi eleito como símbolo, líder, fonte de inspiração e exemplo. Ele próprio nunca se pretendeu nem se apresentou como outra coisa.Se Lula criou expectativas, não fez isso sozinho. Sua vitória só se viabilizou porque à sua volta reuniram-se pessoas que se proclamavam altamente capazes para ocupar o poder com competência. O próprio Lula foi iludido pelos líderes do PT, que o convenceram de que os petistas eram competentes para governar o país, e de Lula só esperavam que fosse aquilo que ele já tinha demonstrado ser: um símbolo, fonte de inspiração, exemplo e líder.Mas os companheiros antigos foram tombando, um a um, e Lula foi obrigado a exercer um papel que não lhe agrada: o de administrador. O resultado está à vista de todos.Os problemas de gestão do governo Lula são inúmeros e muito sérios, sendo o caos aéreo apenas a face mais trágica.Ontem, na reunião do Conselho Político, o presidente Lula se declarou surpreendido com a gravidade da crise aérea.Lula declarou ainda que foi candidato à presidência da República cinco vezes e que o tema do espaço aéreo nunca esteve presente nas campanhas eleitorais nem nos debates.Primeiro, uma notícia positiva. O presidente reconhece que existe uma crise no setor aéreo, e que ela é gravíssima.Esta declaração está em perfeita consonância com seu pronunciamento na TV, três dias depois da tragédia com o avião da TAM.Naquela ocasião, além de se solidarizar com as famílias das vítimas, o presidente Lula anunciou medidas concretas para superar o caos aéreo. Ou seja, reconheceu a existência de um caos e as responsabilidades do governo federal na crise.Agora, a notícia assustadora: afinal de contas, quem é que está governando este país?!Ninguém exige que um presidente da República conheça tudo sobre todos os assuntos, o tempo todo.O que se exige de um presidente é que tenha à sua volta assessores competentes, que o informem dos problemas e proponham soluções. A escolha final é sempre do presidente.Mas nunca na história deste país houve um presidente tão mal assessorado quanto Luiz Inácio Lula da Silva. A incompetência grassa em todas as salas do Palácio do Planalto e na maioria dos prédios da Esplanada dos Ministérios.Desde 2003 circula um minucioso relatório encaminhado ao Planalto pelo então ministro da Defesa de Lula, o embaixador José Viegas, apontando os problemas do setor aéreo: falta de pessoal, falta de investimentos, material sucateado, aeroportos obsoletos, pistas fora do prazo de validade, malha aérea saturada.O relatório é, há tempos, um best seller. Só não leu quem não quis. Mas o presidente da República declara, em agosto de 2007, quatro anos e dois trágicos acidentes aéreos depois, que não sabia da gravidade da crise. É extraordinário!Como se não bastasse, a declaração de que foi candidato à presidência da República cinco vezes, e o setor aéreo nunca foi tema da campanha eleitoral, é profundamente reveladora da personalidade do presidente Lula: sua vida é um eterno palanque. E o que não está no palanque não existe.

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