"Deus me respeita quando eu trabalho. Mas me ama quando eu canto."

quarta-feira, abril 09, 2008

...enquanto isso, "os companheiros"...

Quando a vida pública vira privada

Blog Reinaldo Azevedo


Eu não quero sem saber de A ou B, na TV Pública, querem trabalhar muito ou pouco. Sei de mim. Sempre trabalhei muito. Por vocação, não por obrigação. Um ou outro chefes e/ou patrões que tive ao longo da vida talvez pudessem dizer a meu respeito: “Ah, o cara é chato”. Ou então: “Ele é meio prepotente”. Ou ainda: “Ih, mas o sujeito é um tanto abespinhado; irrita-se por nada”. Não sou santo. Mas jamais diriam: “Pô, o cara é vagabundo!”. Ah, isso não! Se mais-valia existisse, eu seria um campeão de produção. Essa questão, na verdade, só é mesmo possível em órgãos públicos, né? Nas empresas privadas, não se coloca. Claro, sempre há a fofoca, geralmente fruto de ressentimento e inveja, de fulano ou o beltrano que seriam protegidos do patrão ou do poderoso chefe da hora. Meu conselho: faça o seu trabalho e deixe a fofocaiada de lado. Adiante.

Enfrentei isso no começo da minha atividade jornalística. Fui contratado pelo dono do jornal, que depois se tornou meu amigo — e é até hoje. Não cito nomes porque não gosto de envolver ninguém em minhas histórias. “Ah, virou chefe porque é amigo do dono”. Talvez imaginassem que um inimigo ficaria melhor na função. Também era objeto de uma acusação: “Não é jornalista (eu tenho o canudo), mas professor”. A melhor maneira de responder a isso: trabalhando. Mas notem bem: estou falando de empresa privada. Cada uma contrata quem quiser com o seu dinheiro. Com o nosso, na empresa pública, a coisa tem de ser diferente.

Por que o preâmbulo? Luiz Lobo, que ancorava o Repórter Brasil, de que também era editor-chefe, foi demitido da TV Pública. Ele diz ser uma variante da perseguição política. Seu ex-chefes, todos subordinados mentais do PT, sugerem que era pouca disposição para o trabalho. Não houvesse essa estrovenga, paga com o nosso dinheiro, o caso nem existiria, não é mesmo? Adiante.

A acusação busca tirar o foco da questão principal. E a questão é eta: o que faz na TV Pública Jaqueline Paiva, mulher de Nelson Breve (o sub de Franklin Martins), em uma posição de chefia. Isso, sim, é o fim da picada. Já escrevi: o petismo inovou. Da mulher de César, dizia-se não bastar ser honesta; era preciso que parecesse honesta também. Para os companheiros, "ser ou não ser" jamais será a questão. Eles nem mesmo se ocupam de parecer. Podem tudo. Vivem em pleno delírio de potência. Se a TV fosse de Franklin Martins, ele enfiaria lá quem ele bem entendesse. Mas não é.

Eles são mesmo uma gente muito especial. Vejam este despacho, copiado do Diário Oficial da União:

PORTARIAS DE 28 DE JUNHO DE 2007
A MINISTRA DE ESTADO CHEFE DA CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, no uso de suas atribuições e tendo em vista o disposto no art. 1o do Decreto no 4.734, de 11 de junho de 2003, resolve
Nº 690 - NOMEAR
IVANISA MARIA TEITELROIT DE SOUZA MARTINS,
para exercer o cargo de Assessor Especial da Subchefia de Articulação e Monitoramento da Casa Civil da Presidência da República, código DAS 102.5.
Assinado: DILMA ROUSSEFF


Viram só? A mulher de Nelson Breve trabalha na TV Pública, onde o manda-chuva é seu chefe, Franklin Martins, e a mulher de Franklin foi contratada pela ministra Dilma Rousseff para a Casa Civil. Diogo Mainardi fez um podcast a respeito no dia 28 de agosto de 2007. Para ouvir, clique aqui e procure a data).

Essa gente toda, sem dúvida, segue o caminho daquele meu amigo. A diferença é que ele contratava quem bem entendesse com o seu dinheiro. E os companheiros de agora impõem a linha justa, mas com o NOSSO. Como se vê, transformam a vida pública em privada.
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