"Deus me respeita quando eu trabalho. Mas me ama quando eu canto."

quarta-feira, maio 07, 2008

Sindicalismo

Acabou em farsa

Fonte: Folha de São Paulo - Editorial 04.05.08

ESTÁ DEFLAGRADA uma disputa duríssima por adesões sindicais em escala nacional. Poucas vezes na história deste país se viu tanto empenho da parte das centrais para aumentar a sua lista de instituições filiadas.

Engalfinham-se não exatamente pelo bem do trabalhador: disputam um "pote de ouro" de até R$ 100 milhões neste ano, oriundo do chamado imposto sindical.

Há um mês, chegava ao fim uma longa história envolvendo as centrais sindicais brasileiras. No rol dos grupos emergentes que constituíram a "nova sociedade civil", a partir do final da década de 1970, essas entidades prometiam modernizar o sindicalismo brasileiro, rompendo a tutela estatal que, desde meados do século, caracterizava a organização trabalhista no país.

Mas o que começou em ritmo épico acabou em anticlímax, como farsa. A lei nº 11.648, de 31 de março deste ano, atrelou as finanças das centrais sindicais ao Estado, a pretexto de seu "reconhecimento" legal. As agremiações ganharam direito a um quinhão do imposto sindical. O tributo, pilar da tutela varguista, toma um dia de serviço de todo trabalhador com carteira assinada e o entrega de mão beijada a entidades de classe.

A representatividade é critério para dividir o bolo do imposto entre as centrais. Quanto maior o número de sindicatos filiados e de trabalhadores sindicalizados, maior será a fatia amealhada. Vale tudo para conquistar a, digamos, simpatia dos dirigentes de entidades que ainda não aderiram a nenhuma central -viagens ao exterior, por exemplo.

Foi-se o tempo em que as centrais enxergavam no imposto sindical um empecilho ao livre exercício da representação trabalhista. Agora admitidos no paraíso da finança fácil, dão-se a uma acirrada disputa por filiados, mas apenas para saber quem mama mais. Triste fim.
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