"Deus me respeita quando eu trabalho. Mas me ama quando eu canto."

sexta-feira, janeiro 11, 2008

"O Viajante do Tempo"

Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa

Viajar no tempo e no espaço sempre foi um desejo do homem. Talvez o primeiro a deixar registro de seu sonho tenha sido Luciano de Salmosata, o satirista grego autor de ‘Vera Historia’, onde descreveu um veleiro que levado por um vento forte, levantou vôo e durante sete dias e sete noites vagou pelo espaço até aterrisar numa ilha redonda e grande, obviamente a Lua. A tripulação encontrou por lá feras estranhas, mas nada sofreu, e acabou por regressar à Terra.

Seguiram-se muitos outros, cada um criando histórias de mundos mais incríveis que o anterior. Mas nada se compara ao Pai da Ficção Científica, Julio Verne; entre outras novelas fabulosas, está "Da Terra à Lua", onde conta que um grupo de cientistas constrói um canhão de 900 pés de comprimento e embarca numa cápsula lançada ao espaço por esse canhão. A viagem é impressionante.

Em seguida veio outro ‘monstro’ da ficção científica, o inglês H. G. Wells, autor de bons livros e muito conhecido pelo seu “A Guerra dos Mundos", onde descreve a Terra sendo invadida por marcianos (o que deu ensejo a uma das transmissões radiofônicas mais famosas de todos os tempos, com Orson Welles lendo esse texto e apavorando Nova York...).

Mas o que me interessa aqui é seu livro “A Máquina do Tempo”. Nele Wells fala do Viajante do Tempo, personagem sem nome que constrói uma máquina do tempo e viaja para o futuro longínquo. Para o futuro, vejam bem. Para o passado nem a fulgurante imaginação de Wells conseguiu viajar.

A ciência espacial hoje é uma realidade e viajar para o futuro parece muito mais real do que imaginaram esses grandes escritores. Para o passado, no entanto, os problemas permanecem. Cientistas de renome já se debruçaram sobre o problema, mas nada conseguiram. Um deles chegou a afirmar que “o que nos falta é densidade negativa, algo de que não dispomos e que talvez seja uma impossibilidade pelas leis da física”. Confesso que copiei isso sem compreender nada: se alguém quiser explicar, agradeço.

O fato é que nenhum homem conseguiu construir uma máquina que nos levasse, ida e volta, claro, ao passado. Isto é, até o advento do Governo Lula.

Hoje, podemos dizer com orgulho, conseguimos voltar para as primeiras décadas do século passado: a febre amarela, ela mesma, voltou às manchetes. Não se preocupem: não é a urbana, é a silvestre. Parece que o mosquito sabe muito bem com quem e onde está lidando. Mato, pode picar. Cidade, alto lá! Mantenha-se afastado.

Dizem que os macaquinhos são os grandes culpados. Tendo sido expulsos de suas árvores pelo desmatamento alucinado que toma conta de nossas florestas, o bicho, muito pouco cidadão, veio parar em áreas urbanas e está assustando meio mundo. Mas só os macacos de 18 estados brasileiros. Os do Rio, não. Parece que os dos morros cariocas, antigamente áreas de floresta verde e hoje carecas, esses não transmitem o temido vírus. Saem para passear, caminham pelos muros e telhados, mas como ainda se recordam dos tempos de Oswaldo Cruz e respeitam o grande homem, com patadas certeiras afastam os mosquitos.

Hoje mesmo vi uma dupla caminhando nos muros de um colégio de freiras aqui ao lado. Simpáticos como sempre, eu no oitavo andar e eles na altura do segundo, vidros fechados, como são engraçadinhos. Mas não deixei de lhes transmitir um abraço do Dr. Temporão.

Nossa máquina avançou um pouquinho e veio para as décadas de 30, 40, e 50 do Rio de Janeiro. Para os tempos do “Tomara que Chova”. Grande marchinha, sucesso do Carnaval seco de 1950. Cantávamos também uma versão do hino da Cidade Maravilhosa: “Rio, cidade que me seduz... de dia falta água e de noite falta luz...”.

Não sei por que me lembrei disso agora. Não há motivo algum. Temos água em abundância, hidroelétricas e usinas a pleno vapor, óleo, gás, somos auto- suficientes em tudo. Não há o que temer. Depois, sabe como é, o dia de São José vem aí, falta pouco. Até lá, chove.

Só não consigo compreender porque os jornalistas teimam em fazer entrevistas sobre esse assunto. Com certeza é porque são fãs de ficção científica. Sugiro uma pauta: aguardem a posse do novo e conceituadíssimo ministro das Minas e Energia e perguntem a ele sobre a invasão dos marcianos. Esse sim, um assunto sério, muito mais de acordo com a sua pasta. Apagão, falta d’ água... cada uma que inventam...

Sursum Corda, brasileiros! Otimismo. Pra frente é que se anda. Vou anotar aqui a frase de um grande (e temido) oficial do exército francês, combatente das duas Guerras Mundiais e da Guerra da Indochina, marechal Lattre de Tassigny. Segundo ele, o otimista é aquele sujeito que planta duas nozes de carvalho e corre na loja para comprar uma rede. Faz lembrar alguém?

.

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails