"Deus me respeita quando eu trabalho. Mas me ama quando eu canto."

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Maria Adelaide Merece



Amizade se constrói com o tempo, que traz intimidade e lembranças de bons e maus momentos vividos juntos. Mas Denise Saraceni, diretora de "Queridos amigos", tinha apenas 30 dias para fazer com que o elenco principal adquirisse, nos bastidores, o entrosamento que seria indispensável aparentar no ar. A minissérie de Maria Adelaide Amaral, com estréia marcada para 18 de fevereiro na TV Globo, vai falar sobre jovens paulistas que criaram fortes laços nos anos 70, quando se engajaram na luta contra a ditadura, perderam contato depois e voltaram a se encontrar em 1989, época em que um deles se descobriu muito doente. E a saída encontrada pela diretora para garantir a veracidade das cenas foi "enclausurar" Dan Stulbach (Léo), Matheus Nachtergaele (Tito), Denise Fraga (Bia), Débora Bloch (Lena), Bruno Garcia (Pedro), Guilherme Weber (Benny ) e Malu Galli (Lúcia) - os amigos da trama - num estúdio da Barra durante um mês, para só depois iniciar as gravações.

- Aquela turma precisava existir de verdade no primeiro momento em que aparecesse na tela. Então, achei que os atores tinham que ter um período de internação, num lugar onde ninguém nos incomodasse. Passamos um mês na Tycoon, das 8h às 18h. Os atores trabalhavam o corpo, ensaiavam cenas importantes, cozinhavam massa, bebiam vinho, conversavam em volta da mesa. E, nessa convivência, iam se conhecendo e criando o universo dos personagens. Num segundo momento, introduzimos ali pessoas que podiam traçar um painel real daquele período.

" Gosto desse tema da amizade, e de falar do efeito do tempo na vida das pessoas "
Um dos momentos mais emocionantes foi o encontro com o psicanalista Chaim Katz, que falou sobre a amizade e sobre suas experiências de engajamento político. Outro foi a sessão do filme "Três irmãos de sangue", sobre Herbert de Souza (o Betinho), Henfil e Chico Mário.

- Foi uma choradeira - conta Dan Stulbach, protagonista da trama.

Dan interpreta Léo, escritor e publicitário bem-sucedido que promove o reencontro da turma quando descobre que tem esclerose múltipla. Ao tomar consciência da efemeridade da vida, ele decide que é hora de resgatar seus sonhos, e quer ajudar seus amigos a fazerem o mesmo.

- Gosto desse tema da amizade, e de falar do efeito do tempo na vida das pessoas - diz o ator. - E fico contente por falarmos de uma época em que não era brega acreditar no país e na política.

O método de preparação para a minissérie, incomum na televisão, encantou Matheus Nachtergaele, que encarna Tito, militante de esquerda que é exilado e, ao voltar ao país, não consegue se ajustar ao dia-a-dia.

- Foi bonito ver atores tão talentosos dispostos àquela imersão. Neste laboratório, criamos uma química forte e conhecemos melhor os anos 70, um período terrível - diz Matheus. - Muitos heróis dessa época foram torturados e, na década seguinte, morreram de Aids. Quem nasceu depois já conheceu o capitalismo desenfreado. Na época em que os amigos se reencontram na trama, o fim dos anos 80, eu estava adolescendo. Foi quando comecei a entender o mundo. Chegou uma hora em que achei o país tão estranho que decidi ir embora. Mas não agüentei, e voltei um ano depois.

Denise Fraga, que após dez anos de dedicação exclusiva ao quadro "Retrato falado", do "Fantástico", interpreta Bia, mulher que jamais superou o trauma de ter sido torturada, ressalta o fato de a minissérie tratar de sentimentos nobres:

- É um projeto lindo, que trata de amor, amizade e solidariedade.

"Queridos amigos" traz outros nomes de peso, como Fernanda Montenegro e Juca de Oliveira, que estão tendo aulas de dança com Carlinhos de Jesus para interpretar um casal de amantes.


"Queridos Amigos"
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