"Deus me respeita quando eu trabalho. Mas me ama quando eu canto."

sexta-feira, julho 17, 2009

Free at last!

Um ser mitológico

Michael Jackson free Por Tony Belloto


Do ser mitológico diz-se que nasceu em meados do século XX. E que, tendo nascido homem, foi aos poucos transformando-se numa mulher..

No fim, tornou-se um ser de aspecto hermafrodita, com sexualidade indefinível.

Sabe-se que o ser mitológico nasceu negro e morreu branco. Foi, na infância, um adulto: compromissos profissionais, responsabilidades, obrigações e pressão foram experimentados desde cedo em doses altas.

Na maturidade, tornou-se uma criança: gostava de brincar, passear em carrosséis e montanhas russas, ter crianças por perto e jamais compreendeu exatamente do que se tratava o tal "mundo dos adultos".

Do ser mitológico diz-se que foi acusado de abusar sexualmente de crianças, o que nunca se comprovou. O que se sabe com certeza é que foi brutalmente espancado pelo pai, na infância, e submetido por este a tortura e pressão psicológicas.

É comprovado que durante sua existência o ser mitológico ajudou crianças pobres e doentes, não só com dinheiro, mas com carinho e compreensão verdadeiros.

Com essas crianças comunicava-se da mesma forma com que são Francisco de Assis conversava com passarinhos.

Do ser mitológico compreende-se que revolucionou a música pop mundial ao elevar a música

negra (é importante lembrar: não importa quantas transformações e mutações tenha o ser sofrido em sua existência, ele nunca deixou de ser um grande, talvez o maior, artista da música negra norte-americana) a um status nunca antes alcançado: qualidade musical irresistível, ousadia de produção, competência e muito - muuuiiito - suingue.

Quincy Jones, músico, maestro e arranjador de excepcional talento, ajudou o ser mitológico

nessa jornada. Do ser mitológico aceita-se que tinha habilidades múltiplas - dançava, cantava e compunha como poucos - e que com elas conseguiu apaixonar pessoas do mundo inteiro, independente de suas raças, classes sociais, nacionalidades, religiões, crenças etc.

Dele compreende-se que foi coroado rei pelos humanos e amado por estes como um anjo.

A morte chegou-lhe como alívio, inadaptado que era ao mundo estranho que o amou e não o compreendeu.

Na morte sabe-se que a imprensa, que o criticara impiedosamente nos últimos anos de vida - e tanta atenção dera a suas bizarrices, idiossincrasias e excentridades - acabou por reconhecer que o que prevalecerá de seus feitos será tão somente a brilhante música que concebeu, cantou e dançou.

Diz-se por fim que, ao morrer, o ser mitológico livrou-se do corpo que era ao mesmo tempo depósito de dons e talentos e também de dores e sofrimentos.
E que se lembrou, no último instante de vida, da frase do discurso de um grande e admirável conterrâneo: free at last!

CD....... Off The Wall, de 1979, o primeiro disco da fase adulta do ser mitológico, e primeira parceria com o produtor Quincy Jones. Está tudo ali: a riqueza da música negra, desenvolvida em décadas de trabalho por gravadoras como a Motown - e a mistura com elementos de rock e pop.

É um disco que aprendi a amar graças a minha mulher, Malu - a quem dedico esta crônica -, uma das maiores devotas de Michael Jackson de que se tem notícia.

Ela já passou essa paixão aos nossos filhos, também admiradores do grande músico negro norte americano.

MJ free at last

Tony Belloto

Fonte: e-mail

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