"Deus me respeita quando eu trabalho. Mas me ama quando eu canto."

terça-feira, agosto 11, 2009

Noticiários possuem conteúdo… e quem os apresenta, também ?

tvabertEntre "caras & bocas"...

"Cada vez que assisto a um telejornal como o “RJTV”, o “Jornal Nacional” ou o “Jornal da Record” (e eu assisto a 5 ou 6, pelo menos, em emissoras diferentes todos os dias), fico me perguntando quando é que os apresentadores vão deixar de lado as “expressões de surpresa” ou mesmo tédio (muitas vezes erroneamente rotuladas de “imparciliadade”) ao final de cada matéria e, finalmente, expressarem alguma indignação por conta do que a notícia realmente expressa. Muitas vezes tenho a impressão de que os locutores estão apenas repetindo de forma educada um texto que eles mal compreendem justamente porque não entram a fundo nas informações — pior, que eles não podem, por algum motivo (contratual ?), emitir sua opinião, mesmo que nem seja a opinião que o público, em poltrona acompanhado muitas vezes apenas de sua indignação, não pode expressar (para quem ?).

Há exceções que confirmam a regra, claro. Mesmo nos supracitados telejornais, já pudemos ver momentos de emoção, mas talvez quase sempre isso aconteça nos momentos de comoção, quando alguém famoso morre ou quando se trata do caso de alguma criança — mais que justo. Mas somente da boca de Salette Lemos (no CNT Jornal da pouquíssimo assistida CNT, um dos melhores telejornais da TV aberta) e de Boris Casoy (que exagera muitas vezes, em especial no tom formal demais com que parece ler o teleprompter mesmo quando parece ser sua a opinião) é que vemos a sinceridade brotar — e nem sempre concordo com a opinião de ambos, como deve ser. Há bons esforços no irregular “Jornal da Globo”, mas não basta um editorial inicial lido de forma corrida e formal demais, ou no ótimo Jornal da Band, mas em geral essas opiniões ficam presas a “momentos Joelmir Betting”, nem sempre acompanhando a noticia em si. Muitos apresentadores também são editores, mas… para quem eles editam, apenas para sua leitura fácil, somente para um curioso deus chamado “tempo total do telejornal, antes que entre a novela” ?

Não, caras sérias porém mudas não representam a dor de quem perdeu um parente por causa de uma gripe. Sorrisos por causa da “famosidade” do envolvido não amenizam o erro que ele cometeu e o levou à justiça. O tão valorizado ‘timing’ da passagem de uma noticia para outra desvaloriza e/ou banaliza uma denúncia importante que acabou de ser revelada, quando o momento deveria ser de revolta ou demonstração de que as coisas estão precisando de um basta.

Não estou conclamando os apresentadores a subirem na bancada e gritarem palavras de ordem, longe disso. Mas passividade do jeito que está não dá mais. Vejo tantas alternativas não exploradas, lamento que tantas autoridades não sejam ouvidas, e quando estas o são, ou quando as possibilidades de resolução são apresentadas, nada é comentado, nada é feito para que o espectador pense de fato a respeito. Informar não é “apenas repassar informação”, nunca foi e nunca será, eu que não sou jornalista entendo isso, será que os que o são não recearam esta noção antes de seus diplomas ? Parece que o que importa é apenas “a fonte”, “a escuta autorizada pela justiça”, o jargão “o jornal tal apurou, com exclusividade”. E o espectador ? Onde entra nisso ?

Sei que eu, escrevendo como mero espectador e insistente blogueiro, talvez aqui misture alhos e bugalhos. Mas é preciso que o jornalismo televisivo acorde para o futuro: estamos em 2009, uma década quase inteira do novo século já se foi e ainda estamos presos a posturas (inclusive literalmente, de cenário e tudo o mais, como bem apontou Flavio Ricco em sua coluna no UOL de 30.07.2009), engessamento, modelos que estão presos a um passado já bem distante. É preciso mais que ousar: é preciso entender que o público também precisa perceber que quem lhe apresenta a matéria também se indigna, também quer solução para o que acontece, também não é um robô. Em tempos de internet e sua ágil interatividade, precisamos evoluir em aspectos que ainda hoje ainda parecem tão primitivos."

Tommy Beresford

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