"Deus me respeita quando eu trabalho. Mas me ama quando eu canto."

sexta-feira, agosto 28, 2009

Palocci passa raspando

Cuidemo-nos, tem mais um PeTralha pronto para dar o bote

Fonte: Lucia Hippolito

Contrariando tudo o que se dizia em Brasília, Antonio Palocci passou raspando no Supremo Tribunal Federal.

Por um apertado placar de 5 a 4, o STF decidiu não abrir um processo penal contra o deputado, por violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa.

Os quatro ministros que julgaram que havia, sim, indícios suficientes pelo menos para a abertura de uma ação penal foram Marco Aurélio Mello, Carmen Lúcia, Ayres Britto e o decano Celso Mello.

Nos últimos dias, dizia-se -- e publicava-se -- que a expectativa era de absolvição por unanimidade. Suas excelências estariam apenas tentando encontrar uma saída em juridiquês para livrar o ex-ministro.

Segundo o voto do ministro Gilmar Mendes, não se discute que o sigilo bancário do caseiro foi violado, não se discute que os dados bancários foram parar na revista Época por obra humana.

Ainda bem. De repente, a gente poderia ser levada a acreditar que o ET de Varginha tinha obtido os dados da conta de Francenildo e entregado à revista Época.

Mas segundo o longuíssimo -- e por vezes, maçante -- voto do presidente do STF, não há indícios suficientes que justifiquem a abertura de ação penal contra o deputado.

O STF, a mais alta corte constitucional do país, em plena posse de suas prerrogativas, criou a figura do crime sem criminoso.

Em suma, sobrou para o caseiro.

E para o ex-presidente da Caixa, Jorge Mattoso que, como membro da elite (como classifica o governo Lula a todo mundo que não adere), com toda a certeza vai ser absolvido daqui a 120 anos, quando todos os recursos forem julgados pela Justiça brasileira, mais rápida e ágil de que a de Timbuctu, com todo o respeito ao povo de Timbuctu.

Mesmo tendo se beneficiado do arquivamento do processo, Antonio Palocci ainda está às voltas com o fato de que faltou com a verdade em mais de uma vez, quando compareceu a comissões no Congresso Nacional.

Palocci afirmou reiteradamente que jamais havia frequentado aquela mansão em Brasília, onde imperavam lobistas e garotas de programa.

Jamais tinha presenciado tenebrosas transações e jamais tinha desfrutado de prazeres mundanos.

Foi desmentido mais de uma vez pelo caseiro da mansão, um desses seres "invisíveis", parentes da moça da limpeza, da mulher que serve café ou do rapaz que tira xerox.

Pois o caseiro Francenildo enfrentou o poderoso ministro e afirmou que o vira mais de uma vez na casa dos prazeres.

Isto não foi até hoje contestado.

Como candidato à presidência da República, oops, ao governo de São Paulo, Palocci deverá enfrentar alguns questionamentos.

Palocci livra-se do processo, mas não se livra das suspeitas.

Nada que um bom (e caro) marqueteiro não resolva, nesses tempos de moral elástica que estamos vivendo.

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