"Deus me respeita quando eu trabalho. Mas me ama quando eu canto."

terça-feira, dezembro 25, 2007

Natal na Suécia

Cartas de Estocolmo
Blog Ricardo Noblat


"Uma das coisas mais diferentes na Suécia é a comemoração do Natal...

Os suecos preparam suas casas para que as quatro semanas antes do Natal sejam realmente especiais. Primeiro, é normal trocar as cortinas por outras vermelhas ou com motivos natalinos. Depois, muda-se a decoração, usando os típicos objetos desta época do ano, como por exemplo: o porta-velas do advento, com velas que se acendem a cada um dos quatro domingos à espera do Natal; as luzes em formato de estrela que iluminam as janelas e ajudam a amainar a escuridão; a árvore de Natal, quase sempre um pinheiro natural que se corta e se deixa em água para que continue exalando seu cheirinho típico. Os presépios, no entanto, são os maiores ausentes e a imagem do menino-Deus quase não se vê.

A febre de compras é típica aqui, como na maior parte do mundo, entre as pessoas que podem se dar o luxo de gastar em presentes, é claro! No trabalho, normalmente a direção compra um presente para cada funcionário: um champanhe, um vinho, ou algo assim. Este ano, recebi um cartão-presente muito sofisticado com uma lista enorme de produtos, podendo escolher entre uma panela, um wok, um corte de filé de carneiro ou de salmão especialmente temperados, um enorme queijo e muitas outras coisas. Não esperava por isso, achei muito chique e escolhi um wok, que ainda não usei.

O ponto alto para as crianças, além de abrir os presentes, é claro, é a visita à vitrine de uma das maiores e mais tradicionais lojas de departamentos, a Nordiska Kompaniet, conhecida como NK. A vitrine da NK em dezembro é o sonho de qualquer menino ou menina, com bonecos e animais que se movem e todos os tipos possíveis de brinquedos. Este ano, representava a história de uma menina no dia de Natal, desde o acordar cedinho pela manhã, sair para patinar no gelo, abrir os presentes, até a hora de dormir. Aqui o Papai Noel, chamado Tomten, chega trazendo os presentes, que estão todos previamente etiquetados com um versinho para o destinatário.

Pois é, os versinhos rimados são uma febre que eu ainda não consegui entender. Os presentes são entregues com cartõezinhos com rimas dedicadas ao presenteado. Tem até programas online para ajudar você a preparar suas rimas, que são sem dúvida um elemento essencial da cultura local. Na Enciclopédia Nacional (NE) online, na página dedicada às rimas, a gente lê alguma coisa parecida com isso:

"Se você não rimar, trata-se de uma fraqueza

Talvez porque pense que é um processo trabalhoso

Mas prove a ajuda online da NE, uma beleza!

O seu presente de Natal será sem dúvida maravilhoso"

Provavelmente, as semanas que antecedem o Natal são a única época do ano em que as igrejas de Estocolmo estão cheias. No primeiro domingo do advento os fiéis lotam os bancos, que normalmente estão sempre vazios. E muitos corais se apresentam para cantar, principalmente no "dia de Lúcia".

Pois é, o dia 13 de dezembro é esperado durante todo o ano. É o dia da festa de Santa Lúcia, quando os suecos fazem uma celebração especial para "espantar" a escuridão. Uma menina ou mulher veste-se de branco e traz velas na cabeça, simbolizando a luz. Um cortejo a segue cantando. "O dia de Lúcia" é praticamente o dia da abertura oficial da temporada natalina. Comem-se pães especiais (os famosos lussekatt) e bebe-se glögg, um vinho quente, condimentado e adocicado. Há festas de Lúcia em tudo o que é empresa, escola ou jardim infantil. A eleição da Lúcia do ano em Estocolmo é um evento acompanhado com curiosidade pelos jornais, e diversas cidades, escolas, empresas e repartições escolhem sua Lúcia oficial.

Os mercados de Natal são um ponto alto da programação. Neles vendem-se doces tradicionais, comidas diversas, bebidas típicas e artesanatos locais. O museu ao ar livre de Skansen tem um dos mercados mais tradicionais e vale a pena uma visita para alegrar os dias frios e escuros.

Mas se você perguntar a qualquer sueco qual é a mais importante tradição natalina, muitos responderão que é o Pato Donald. È muito estranho mesmo, mas uma grande maioria das famílias se reúne no dia 24 de dezembro para o almoço de Natal, que tem que terminar, sem falta, antes das 3 horas da tarde. Então, e isso há cerca de 50 anos, sentam-se todos frente à TV para assistir à programação de desenhos animados de Disney! O mesmo episódio de sempre do Especial de Natal do Pato Donald, todos os anos, atrai a atenção de 4 milhões de pessoas!

Enquanto eu, dedicadamente, tento pensar em todas as diferenças entre nossas celebrações de Natal e aquelas dos nórdicos para contar aqui, meu marido passa por trás do computador, olha o que estou escrevendo, e me diz: "A diferença entre o Natal no Brasil e o Natal na Suécia? Muito simples, não precisa de um texto para contar: 30 graus!"


Pois é... a mentalidade nórdica...


Feliz Natal para todos!"

Leitora do blog, Sandra Paulsen, casada, mãe de dois filhos, é baiana de Itabuna. Fez mestrado em Economia na UnB. Morou em Santiago do Chile nos anos 90. Vive há oito anos em Estocolmo, onde concluiu doutorado em Economia Ambiental.


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