"Deus me respeita quando eu trabalho. Mas me ama quando eu canto."

quarta-feira, outubro 24, 2007

E la nave va



Lucia Hippolito

As autoridades brasileiras responsáveis (?!) pelo setor aéreo decretaram que o caos nos aeroportos já terminou.

E lá se foram alegremente tratar da vidinha.

O presidente Lula voa no Aerolula. A ministra Dilma Roussef está nos Estados Unidos. “Vende” o PAC a empresários americanos.

Nos intervalos, assiste a uma ópera. (Faz muito bem, ministra. Ópera é uma das grandes delícias do mundo.)

O ministro Jobim brinca de Jim das Selvas, com macacos e cobras, fantasiado de soldado.

E o presidente da Anac brinca de “daqui não saio, daqui ninguém me tira”.

Todos voando em jatos da FAB, naturalmente.

Enquanto isso, no mundo real, o caos nunca terminou. Desde o acidente da Gol, em 2006, é uma infindável sucessão de atrasos e cancelamentos.

Ah, sim, e de maus-tratos por parte dos funcionários das companhias aéreas e da Infraero, truculência, falta de educação, falta de informação, desprezo olímpico pelos problemas dos passageiros.

E nós pagando...

O prometido desafogo de Congonhas não aconteceu.

A prometida redistribuição da malha por outros aeroportos não aconteceu.

O enquadramento das companhias aéreas não aconteceu.

A redução de vôos só acontece em dia de chuva, quando ainda por cima há pane em instrumentos.

Ou seja, as iniciativas administrativas não aconteceram.

A garantida demissão do presidente da Anac? Também não aconteceu.

O Sr. Zuanazzi zomba do ministro Jobim e declara que não sai (mais um Renan, meu Deus!).

Amparado em dois padrinhos fortes, a ministra Dilma e o ministro Mares Guia, o dirigente da agência declara que só o presidente da República pode demiti-lo.

Mas o presidente Lula está ocupado demais, negociando a aprovação da prorrogação da CPMF no Senado.

E assim, órfãos de autoridade, os consumidores de transporte aéreo vão se virando como podem.

Destratados pelas companhias, abandonados pelo governo, perdendo reuniões, atrasando encontros, cancelando compromissos profissionais.

Num país com as dimensões do Brasil, em que os governos vêm consistentemente cometendo equívocos em matéria de transporte há pelo menos 50 anos, não dá para reclamar nem com o bispo.

Provavelmente, Sua Eminência também está preso em algum aeroporto.

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